sexta-feira, 27 de julho de 2012

CIÚME INSTINTIVO

"Meu ciúme me mata! Sobe um sangue à cabeça e eu tenho vontade de 'esganar'... Quando eu sinto isso, eu perco a razão!"

Ouvi essa frase, dia desses, de uma amiga. E respondi-lhe: "Perde a razão e o 'fulano'".

Às vezes eu leio coisas esparsas dignificando o ciúme - ainda bem que são esparsas! - do tipo: "Ter ciúme é demonstrar que se ama", ou "Quem ama, cuida!", querendo, provavelmente, sugerir que "cuidar" seja sinônimo de "fiscalizar".
Desculpe-me você que curte estragar sua qualidade de vida, destruir suas relações e viver infeliz, mas, ainda que você queira se enganar tentando acreditar que ciúme é "prova de amor" e que "cuidados" significam "fiscalização", o fato é que nem as leis da natureza e nem o vernáculo podem ser alterados por sua vontade.
Quer dar provas de amor? Que tal começando com demonstrações de gratidão pela presença da outra pessoa em sua vida? Eu lhe garanto que funciona. Depois você poderá usar elogios, amabilidade, dedicação, respeito... Há inúmeras formas de demonstrar amor, incluindo um sexo bem gostoso e elaborado! Todas absolutamente eficazes. Mas nenhuma passa pelo ciúme.
Afinal, convenhamos... pode-se ter ciúmes de livros, de sapatos, de carros, e, comparar o apego material que você tem por esses objetos a amor, é no mínimo um insulto à inteligência de quem se quer convencer de que amor e ciúmes são dois lados da mesma moeda. É óbvio que se trata de sentimento vinculado à posse e não ao amor!
E quanto à praxe de associar ciúmes a "cuidados" (ou "fiscalização"), quem fiscaliza é porque não confia, nem em si nem na outra pessoa. Mais do que demonstração de insegurança, isso é prova de falta de talento. Quem faz bem feito o seu papel numa relação, não se preocupa com os resultados. SABE quais são os resultados!
Penso que isso, por si só, deveria ser suficiente para deixar claro a premência com que você deve repensar seus conceitos sobre o ciúme - sobre os resultados que tem colhido em suas relações. Mas gostaria de lhe dar um "incentivo extra"...
Repare na natureza... já notou que os animais sentem ciúmes? Sim, sentem. A começar do seu pet de estimação. Isso não te sugere nada? É claro que se trata de um "instinto" natural. Assim como o instinto de matar. Agora, o que difere o ser humano dos demais animais é sua capacidade de fazer associações simbólicas e o seu raciocínio lógico. Foi assim que se superou, racionalmente, o ímpeto assassino - ao menos para a maioria de nós! Então, sabendo disso e pensando racionalmente, você acha mesmo que deve se deixar sucumbir ao instinto do ciúme?
Quando você tem vontade de "matar" alguém, você mata? Então por que, quando você sente aquele ímpeto de estragar tudo, por ciúmes, você deveria estragar?
Afinal... estamos aqui para evoluir, não é mesmo?! 
Então pare de estragar sua felicidade por insegurança, incapacidade ou fraqueza de resolução pessoal. "Carpe diem" e seja feliz, hoje, porque, apesar de você não acreditar, o "HOJE" é tudo o que você tem! O "ontem" já foi, e o "amanhã" é incógnito!

quinta-feira, 26 de julho de 2012

O CANDIDATO DE UM ÚNICO VOTO

Imagine uma propaganda eleitoral com o seguinte teor:

"Prezado cidadão, meu nome é José da Silva. Tenho 36 anos, sou casado e pai de 3 filhos. Resido na rua Alfa, nº 100, no Bairro Beta, nessa cidade de Sigma. Após meditar bastante sobre como a política tem sido conduzida em nossa cidade e em nosso país, compreendi que não se poderá esperar por mudanças se os modelos de se fazê-la, não forem mudados, e que nada pode ser mudado se não mudarmos nossa atitude. Por isso, decidi candidatar-me para tentar, eu mesmo (e, tomara, com a ajuda de outros iguais a mim), realizar mudanças que possibilitem nos sentirmos mais dignos e respeitados como cidadãos.
Assim, e para mostrar-lhe que minha natureza difere daquela que você abomina, coloco, desde já, à sua disposição, a relação de bens que possuo na data presente:

- 01 casa financiada - valor: R$65.000,00.
- 01 carro modelo ---, ano --- - valor: R$25.000,00.
- 01 conta poupança com um saldo de R$5.5000,00.

A fim de demonstrar a evolução de minhas finanças, divulgarei, caso seja eleito, demonstrativos anuais de vencimentos, bem como minha declaração de renda.
Uma vez que discordo da maneira como a política tem sido praticada em nosso país, tomarei, desde já, algumas providências:

- Em minha campanha, não distribuirei, senão pessoalmente e em mãos, "santinhos" com meu nome e número, vez que entendo ser um "crime" jogar-se tanto papel fora, num país em que se desmata um Estado de Sergipe por ano. Além disso, penso ser inócua e desrespeitosa tal prática, já que, um eleitor inteligente não escolherá um candidato pela quantidade de papel que jogou na rua, mas sim, ao contrário, votará naquele que prestigiou a sua inteligência e a limpeza da cidade.

- Como acho um desrespeito com o eleitor gritar-lhe aos ouvidos um jingle, um slogan, um nome e um número, porque entendo que um candidado deve ser eleito por suas propostas e não pela repetição de seu número, não promoverei minha campanha em carros de som.

- Uma vez que discordo da forma como são feitos comícios e carreatas, que nada acrescentam ao eleitor, senão barulho e uma sensação de insulto à sua inteligência e dignidade, deles, igualmente, não participarei.

- Já que preciso mostrar-lhe minhas propostas (e isso eu não conseguiria fazê-lo em comícios e carreatas, ainda que eu quisesse), receber-lhe-ei em minha residência todos os dias úteis até o fim da campanha, para explicá-las e sanar-lhe qualquer dúvida.

- Caso não tenha condição de comparecer, entre em contato comigo pelo telefone xxx, que eu, após as 18:00, na data que lhe aprouver, terei o máximo prazer em ir até a sua casa para que você conheça a a mim e às minhas propostas.

- Desde que eu pretendo fazer política de uma forma diferente, advirto-lhe desde já que não oferecerei nenhum benefício pessoal, além do meu próprio trabalho em prol dos seus interesses como cidadão, em troca de seu voto ou seu apoio. Isso significa que, se você quer que eu lhe dê dinheiro para colar propaganda em seu carro, ou pague sua gasolina, ou qualquer outra "troca de favores espúria" do gênero, fique longe de mim, porque EU não quero o seu voto.

- Igualmente, se você pretende ajudar financeiramente a minha campanha, eu lhe agradeço e de sua ajuda prestarei contas. Mas faça-o segundo a Lei e não o faça esperando que vá lhe oferecer cargos ou benesses pessoais futuras por isso, porque o maior ganho que se pode ter advindo do trabalho de um político é o ganho social e não o pessoal. Portanto, se você se vende a troco de voto, ou barganha apoio para se beneficiar em detrimento da coletividade, associe-se a outro candidato. Eu não ofereço favores pessoais. Ofereço ganhos sociais - e o principal deles é a esperança de que as coisas podem ser diferentes e de que é possível acreditar em algo.

Porque se a esperança de que a dignidade, a seriedade e o respeito podem ser viáveis, renascer, ainda que para alguns poucos, ela contaminará a maioria, e aqueles que vivem de violentar o orgulho e a dignidade do cidadão de bem terão de ceder e retroceder. E aí todos se beneficiarão.

Obrigado por sua atenção.

Atenciosamente, José da Silva."

Infelizmente, esse candidato não existe. E se existisse, sabe quantos votos ele teria? Provavelmente o mesmo número de leitores que terá o presente texto.

E aí eu lhe pergunto: você não se sente incomodado com isso? Não se sente nem um pouco estimulado a tentar fazer algo diferente de conformar-se passivamente?
Com a resposta, seu travesseiro.

"PENSO. AINDA RESISTO!"

Ainda resignado, busco alternativas "gráficas"...



Quem sabe isso ajude um pouco.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

"O PODER DO OTIMISMO"

Ouvi, há pouco, interessante explanação acerca do comportamento cultural da elite brasileira no último século. Por tê-lo "pego" de passagem, enquanto procurava por algo "útil" na depauperada "TV paga", não poderei, infelizmente, informar seu autor, mas o programa que a veiculava, exibido na TV Escola, chama-se "Biblioteca Mindlin". Aludia o entrevistado que, no começo do século XX, a meta do brasileiro de classe alta era estudar em Paris. Hoje, o ápice dos desejos da elite econômica brasileira é comprar uma casa em Miami, demonstrando como, em um século, a busca pela cultura caiu em obsolescência.
Com minha pragmática formação profissional, busco sempre "solucionar problemas", analisando suas causas, identificando seus efeitos, demonstrando o nexo causal entre aquelas e estes, e, por emprego de raciocínio lógico, indutivo ou dedutivo, apontar possíveis meios de "contorná-los".
Aqui, no entanto, não consigo vislumbrar mecanismos solucionadores de tal questão.
Não que eles não existam. São óbvios e conhecidos por todos. Mas incapazes de surtir efeito. Ineficazes.
Com silogismos encadeados, expõe-se facilmente o problema.

Premissa maior:
O homem busca por aquilo que é valorizado simbolicamente na sociedade.
Premissa menor:
A cultura não é valorizada socialmente.
Conclusão:
O homem não busca cultura.

Premissa maior:
O sistema econômico-político predominante edita o pensamento ideológico que o sustém.
Premissa menor:
Os valores culturais são induzidos pelas ideologias.
Conclusão:
O sistema econômico-político cria os valores culturais que, internalizados pela sociedade, garantirão sua manutenção.

Premissa maior:
Uma sociedade inculta é manipulável e passiva.
Premissa menor:
A manipulabilidade e a passividade garantem a estabilidade do "sistema".
Conclusão:
Ao sistema interessa manter a sociedade inculta.

Não preciso me estender na elaboração de tais silogismos porque você já concluiu o que já sabia antes de correr os olhos sobre essas linhas.
A valorização da cultura não interessa ao sistema econômico-político, que lançará mão de portentoso arsenal ideológico visando induzir a valorização de símbolos culturais que lhe interessem e denegrindo os que lhe representem ameaça.
Os mecanismos para tal fim refogem ao escopo da presente análise, mas já foram abordados alhures, neste espaço.
E o motivo pelo qual afirmei retro que não vislumbro solução é porque dentre tal "arsenal ideológico", figuram estratégicas ferramentas de "autoproteção" (esse Lula me mata com essa reforma ortográfica!).
São os mecanismos secundários que resguardam a "ideologia principal", dando-lhe suporte, sobretudo fundados no "controle social", como a ridicularização a que é submetido aquele que ousa sublevar-se.
É assim, por exemplo, com o aluno "CDF", um "idiota completo" que prefere estudar a "curtir com as minas". É assim com aquele "cara ridículo e arrogante" que conjuga verbos corretamente. Com aquele "babaca" que "não curte futebol e uma gelada". Com aquele "otário" que trabalha corretamente (por ele e pelos outros) numa repartição pública na qual "quanto mais se trabalha, menos se ganha". Com o "troll" que ora escreve ouvindo Elvira Madigan, ao invés de "ai se eu te pego".
Enfim, exemplos são inúmeros!
Por isso, nenhum vislumbre...
Pode-se tentar de todas as formas. Nada que se faça é capaz de resgatar um "aculturado" de sua letargia "mó legal". De sua alienação travestida de "antenação".
Publique, numa rede social, uma postagem histórica ou filosófica. Duas ou três pessoas a visitarão. Publique uma piada idiota sobre futebol, novela ou sobre a rivalidade "homem x mulher". Milhares a "curtirão".
Veicule numa mídia impressa ou televisiva um texto ou programa cultural. O veículo "quebrará". Não vende!
Por isso, o History Channel se transformou em vendedor de "um jogo brutal, violento, com muito sangue e que vicia" e outros mais "programas mercantis".
O "sistema" transformou o bonito em feio e o feio em bonito para vender mais.
Afinal, ganha-se mais vendo um tablet, um celular, um jogo eletrônico do que um livro.
Não há desculpas para tamanha depauperação cultural. A internet possibilita acesso a milhares de e-books, publicações eletrônicas de revistas, jornais, universidades. Tudo gratuito. Mas prefere-se gastar horas, dias, meses, anos, a vida em joguinhos eletrônicos e fofocas em redes sociais.
Tal alienação coletiva travestida de "conectividade modernizante" revela-se eficaz e oportuna. Sob seus efeitos o "sistema" se perpetua, fortalece-se.
E numa olhada rápida no "tapete vermelho da passarela da mediocridade alienante" chamado facebook, identifico a mais clara evidência da eficácia do mecanismo a que ora me refiro - uma publicação (ali chamada "post") com o seguinte teor: "Posto. Logo, existo!".
Meu Deus!!!!!!!!!! Pobre Descartes!
Nada mais a dizer... Exceto, talvez, "bosta, ainda resisto?".
Ou talvez eu devesse dizer:
"Aí, mano, ké sabe, que se f...! isso eh só um conflito de geração (sic). Depois essa galera descola um trampo e toma juizo, salva o planeta e o karaio a quatro, tá ligado? Eu vo é toma minha breja e assisti meu futebol pq a vida passa mó rápido e eu naum tenho tempo a perde, falo?".
Bem... tudo bem que a ignorância, às vezes, é uma benção... mas, até o nirvana da ignorância pode ser alcançado com um mínimo de dignidade. E quanto ao "conflito de gerações"... desculpe, mas... o ser humano desenvolve o raciocínio bem antes da puberdade!
E a resposta para a pergunta "ainda resisto?" decorre de um raciocínio lógico: se eu não me curvei ao "sistema" e se você não se curvou ao "sistema", então, talvez existam mais de nós por aí, esperando uma motivação para resgatar sua "alma" da danação eterna da mediocridade conectivo-modernizante.
Talvez, com otimismo, eu volte, um dia, a "existir" por pensar (Cogito, ergo sum), e não por "postar"! E deixe, enfim, de ser um "troll" -seja lá o que isso signifique!



segunda-feira, 23 de julho de 2012

AS ELEIÇÕES "PÃO E CIRCO" E O FACEBOOK

Algo familiar começa a acontecer. Caixa de correio e parabrisa do carro "recheados" de "santinhos", vinhetas altas, pobres e irritantes repetindo à exaustão um número a ser "decorado" e aquelas carreatas importunas, barulhentas e desprovidas de sentido lógico que tumultuam ainda mais o trânsito já caótico.
A cada dois anos essa "aberração" acontece. E, vez que já acontecia antes de nascermos, achamo-la normal. Mas detenhamo-nos um pouco em analisá-la.
O "modelo" do processo eleitoral brasileiro é centrado em rígidas leis, rigorosa fiscalização e tecnologia de ponta. E, claro, o T.S.E., altivo, gaba-se de tal.
Afinal, as institituições políticas, assim, pernanecem protegidas.
Mas, e quanto ao "outro modelo"? Aquele que rege o mecanismo de transmissão de informações acerca dos candidatos ao eleitor? Como os senhores candidatos se apresentam a nós, que, querendo ou não, somos obrigados pela C.F. a "elegê-los"?
Bem, o modelo todos conhecemos. Mas eu lhe convido a analisá-lo.
Tomemos um exemplo: um carro de som em "decibéis últimos" executando uma musiquinha horrorosa, bem fácil de decorar, repetindo um nome e um número, e propalando, em refrão, termos como "trabalho", "saúde", "educação", "seriedade" e "honestidade".
Os "decibéis últimos", provavelmente signifiquem: "verme eleitor, eu, candidato que, se eleito com sua ajuda, receberei vencimentos infinitamente maiores que o seu salário, pagos por você, quero, a qualquer custo, o seu voto, pouco me importando se o som estrondante, a que ora lhe submeto contra sua vontade, o incomodará ou não".
A "musiquinha", fácil e repetitiva, com um número a ser decorado e aquelas supracitadas "palavras de ordem" podem significar: "verme eleitor, uma vez que eu tenho certeza de que você é um alienado, burro e ignorante, não me acanho em tratá-lo como tal, bastando para que eu atinja meus fins (arrumar minha vida com a sua ajuda e às suas custas), que você decore, por repetição, o meu número e o digite no dia das eleições".
Noutras palavras, você é tratado como um imbecil, ignorante e otário. E não se mostra indignado com isso...
Mas há "aberrações" ainda mais vexatórias que essa.
É o caso dos pomposos "show-mícios".
O aviltamento à dignidade do eleitor começa já na degeneração do termo "comício" em "show-mício", um acintoso insulto á inteligência mediana que quer dizer, grosso modo: "vermes eleitores, já que vocês não têm inteligência, nem discernimento, e muito menos dignidade, pouco lhes importará se nós, candidatos, nada lhes dissermos sobre nossas histórias e propostas, bastando para vocês, algumas musiquinhas de cantores de qualidade duvidosa e um foguetório-monstro, porque vocês, assim como insetos, são atraídos pela luz; como animais, são atraídos pelo barulho; e como idiotas completos, desprezam as ideias e a história.
Esse é um pálido esboço do "modelo eleitoral" não contemplado pela Lei, senão para legitimá-lo. O "modelo" de propagação do panis et circenses, o romano "pão e circo".
O que me intriga, no entanto, é que a ignorância popular poderia ser facilmente justificável na Roma antiga. Mas, o que justificaria a permanência, na era da internet, de uma sociedade em tão baixo nível analítico a ponto de se permitir submeter-se a tratamento tão vergonhoso sem demonstrar indignação? Sem promover algum tipo de mobilização minimamente articulada?
Bem, talvez se os senhores "facebookianos" gastassem menos tempo com frivolidades, com a escolha de suas melhores fotos (tratadas ou não!), com a "autopromoção" de suas viagens, amores e desamores, suas inócuas filosofias de botequim, e atentassem para o fato de que são vetores capazes de formar opinião e influenciarem-se mutuamente, talvez poder-se-ia pensar em se vislumbrar alguma mudança significativa a longo prazo.
Mas vivemos num "mundo estranho". Num mundo em que "todo mundo quer ir pro céu, mas ninguém quer morrer". Numa sociedade em que "parecer ser" é mais importante do que "ser" de fato. Então, basta parecer politizado. Basta conhecer alguns "mantras pseudo-filosóficos" retirados de letras de músicas, para parecer intelectual e "profundo". E basta parecer o mais belo e bem-sucedido possível (politizado ou não!).
O resto... bem o resto o "show-mício" resolve.

domingo, 22 de julho de 2012

UM AGRADECIMENTO E UM CONVITE

Eu gostaria de fazer um convite a você, amigo(a) que tem acessado este espaço com frequência, desde a longínqua Rússia: eu adoraria conhecê-lo(a), ainda que virtualmente, ouvir suas opiniões, sugestões, críticas, e ampliar, contigo, meu círculo de amigos, assim como enriquecer minhas concepções a partir de suas experiências. Meu email é prof.marcelreis@gmail.com.
Ainda que não aceite meu convite, agradeço-lhe pela assiduidade de acessos à minha página, vez que é essa a maior motivação que me anima a vir aqui compartilhar minhas reflexões.
Grande abraço e obrigado.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

O "ANIMUS DOMINI", O "TUDO OU NADA" E A INFELICIDADE ORGULHOSA


Conversando com minha amiga Kátia Alessandra sobre algumas "incongruências relacionais" que acometem casais e ex-casais, levantei alguns questionamentos acerca de tais "paragens" e engajei-me na persecução de respostas. Gostaria de compartilhar algumas de minhas conclusões, muitas delas alcançadas com a ajuda daquela valorosa manceba!
O ponto central do questionamento reside no fato largamente observável de que "casais" - sejam de esposos, namorados, amantes - ao se separarem, independente do motivo, parecem cumprir, invariavelmente, um lamentável roteiro - quase um ritual! - deplorável de mútua agressão (física, verbal, ou apenas velada), de forma a, no mais das vezes, tornarem-se inimigos ou, no mínimo, ignorarem-se e se evitarem mutuamente.
Aí cabe um questionamento: desde que não tenha havido um indelével processo de desgaste fundado em atitudes desrespeitosas, o que justificaria tal fato?
É óbvio que, em tendo havido longo e penoso processo desagregatório, geralmente baseado em agressões verbais e imputação de mágoas, não se há de esperar que um "ex-casal" nutra sentimentos recíprocos de respeito e gratidão e o melhor que têm a fazer é evitarem-se mutuamente.
Mas é sobre o outro grupo que eu quero centrar minha análise.
Vejo casais se desfazerem - e isso é "moda" e será cada vez mais pela própria natureza humana! - todos os dias. Mas o que eu não compreendo é a forma como se tratam após o "fato consumado".
Vejo pessoas que compartilharam sonhos por anos, que se doaram e receberam mutuamente, que se ajudaram e ampararam, de repente tratarem-se como se fossem "estranhos" um ao outro - o que me causa espécie!
O motivo da minha indignação é o acinte ao racionalismo que tal atitude representa.
Analisemos.
Você ignora, normalmente, um estranho - alguém que nada lhe acrescenta. Ainda a esse, você dispensa respeito e alguma consideração civilista.
Se alguém te trata com certa cortesia, a menos que você seja um ignorante ou arrogante, você o retribuirá. Se alguém se mostra cooperativo, acrescenta-lhe coisas boas, você mostra gratidão e busca retribuir. E se alguém lhe contribuiu para o seu crescimento, cuidou de você, demonstrou alguma vez enorme carinho, você lhe será sempre grato(a), ainda que não mais se encontrem, ou o façam raramente. Mas se alguém fez tudo isso e muito mais, dividiu lençóis e planos contigo, e hoje vocês não mais os compartilham, então há uma enorme probabilidade de que a essa pessoa você não dispense a cortesia, a gratidão e a amabilidade que seria o lógico, por indução finita, dispensar!
E aí eu pergunto: será que o motivo é apenas o fato de já terem compartilhado lençóis e planos?
Não creio e mostro o porquê: geralmente, a "descortesia", o afastamento e até mesmo o "ódio velado" é muito mais pronunciado em uma das partes. Aliás, para ser preciso, no mais das vezes, um dos polos da relação sempre "sai de boa" e o outro, ressentido.
Minha brilhante amiga supramencionada diz que isso evidencia uma forma de "defesa" de uma das partes, assim como uma maneira de se mostrar que, ao final, venceu-se o "Jogo".
Eu concordo plenamente!
Acrescento ainda que, a meu ver, se trata de uma maneira de "vingança velada" geralmente manifestada pela parte que pretendia "manter a relação". 
Mas é nesse ponto que pretendo profundar o raciocínio.
E a "pedra-chave" é aquilo que chamamos "orgulho ferido". E essa chaga acomete o maior de todos os "pecados humanos" - a vaidade!
Em última análise, é por orgulho - que é um dos componentes da vaidade - que se presta a tão irracional e improfícua atitude!
E nesse ponto sou obrigado a tecer algumas análises que, provavelmente, desagradarão a alguns ainda voluntariamente submetidos aos caprichos escravizantes (e emburrecedores!) da vaidade.
Primeiro, a vaidade é um "pecado necessário" que, assim como uma droga fitoterápica, pode matar ou curar, dependendo da dose. Bem utilizada, transforma-nos em pessoas melhores, mais cultas, mais asseadas, melhor vestidas, mais educadas. Em excesso, transforma-nos em escravos de modismos, em seres arrogantes, vingativos e, pior: irracionais! E não custa lembrar que o que nos diferencia dos nossos primos que ainda sobrevivem no que resta de selvas, é o raciocínio lógico e a associação simbólica, essa muito mais que aquele!
Especificamente no caso em tela, o resultado do nosso orgulho, ou da má administração de nossa vaidade, é que:
1- Afastamo-nos de pessoas que, muito provavelmente fizeram mais por nós do que a maioria das demais faria ou fará um dia;
2- empobrecemos na teia de vínculos sociais, a tão duras penas construída num mundo em que abundam pessoas "toscas";
3- abdicamos do mais nobre dos sentimentos humanos: a amizade; e pior: por vezes nos socorremos de "pseudo-amizades" tão pobres que, em sã consciência, envergonhar-nos-iam;
4- vinculamos implicitamente o animus cooperandi ao animus domini, numa franca atitude de animus "fudendi";
5- e pior: "fechamos as portas" negligenciando irracionalmente a "máxima axiomática" de que "a vida vem em ondas", ou noutras palavras, que "a vida dá muitas voltas".

Como bons idiotas vaidosos, não somos capazes de nos colocar "acima" do condicionamento social, hipócrita e sectário, segundo o qual "a justiça tarda mas não falha" ou "a vingança é um prato que se come frio". Precisamos e torcemos para que uma "nova oportunidade" nos seja dada para que nos vinguemos, para que "saiamos por cima", seja lá o que isso signifique!
Animus domini, querer ser "dono", imperar sobre todas as coisas, querer ser o(a) melhor, porque somos únicos, perfeitos, e o mundo tem de ser nosso! A vaidade tornada dínamo, o orgulho como norte e a infelicidade como sina.
Infeliz contingência humana!
Quem sabe um dia retiremos do papel, das páginas de livros religiosos, dos discursos vaidosos travestidos de indulgentes, a essência da humildade e compreendamos, enfim, que as máximas ideológicas implícitas ou explícitas nas escolas, na TV, nos papos com os(as) amigos(as) - de que não devemos nos contentar "com parte", porque merecemos o "todo", porque somos perfeitos - "a imagem e semelhança do criador" -, porque "it´s now or never", porque "is my way or the highway", por que para nós é "oito ou ointenta", porque para nós é "tudo ou nada"; quem sabe um dia percebamos o quão infelizes e pobres têm sido nossas vidas por acreditarmos no que nos fizeram acreditar, porque nos insuflaram o orgulho e a vaidade para que, infelizes, fizéssemos o que todo "infeliz" faz: pensar pouco e consumir muito!

sexta-feira, 13 de julho de 2012

"POR QUE TRABALHO TANTO?", OU A SÍNDROME DA ESCRAVIDÃO FELIZ


A respeito de uma postagem que fiz em meu perfil no "Facebook", que trazia um videoclipe da música "Price Tag", de Jessie J e B.O.B, cuja letra busquei realçar por julgá-la soberba, minha grande amiga Lu Klein levantou uma interessante questão: "Mas por que, então, as pessoas trabalham tanto?"
Bem, para se compreender a real medida da pertinência da pergunta interessante que se conheça o conteúdo da referida letra.
Entretanto, por se tratar de indagação de natureza filosófica, subsiste seu relevo ainda que divorciado do ideário que a suscitou.
Penso que a resposta mais adequada integra elementos de teoria sociológica e psicologia social. 
Boa parte, creio, do rol de "motivos" pelos quais o homem "trabalha tanto", podemos depreender da base da "Pirâmide de Maslow" (muito parecida, aliás, com a "Pirâmide de Kelsen", caros colegas advogados e "aspirantes") que informa que a motivação básica do ser humano são suas necessidades primárias, fisiológicas, seguidas das necessidades psicológicas.
Assim, boa parte dos pobres diabos que se matam de trabalhar, geralmente a troco de "parcos dinheiros", trabalham por extrema necessidade.
Satisfeitas, porém, aquelas primárias, surgem, ainda que num limiar semi-obscuro, as necessidades secundárias, constituindo-se, agora, em fatores de motivação, as aspirações psicológicas.
Entendo que é aqui que se interceptam as "elipses de Venn" do problema, criando uma "região mista" na qual interagem aspectos sociológicos e psicológicos. E é sobre esse ponto, a meu ver, que o "controle social" estende seus tentáculos, alcançando o homem e estabelecendo a fundação da estrutura de manutenção do sistema capitalista.
O raciocínio é simples: as necessidades psicológicas advém de símbolos e valores internalizados. Assim, primeiro se promove a internalização da necessidade de sucesso profissional, da importância do acúmulo de riqueza, da valorização do status social (lato sensu), assim como a internalização do sentimento de vergonha e a certeza do desprezo e não aceitação social daquele que "fracassar" na busca do valores culturalmente eleitos.
Está formado o arcabouço que, mediante controle social - na forma de pressão por resultados e reprovação e ostracismo ao "fracassado" -, obrigará o pobre "escravo psicológico" a buscar sempre mais e com maior avidez os frutos decorrentes do trabalho.
Não creio, no entanto, que essa construção explique, de per si, a totalidade dos mecanismos (distintos mas consonantes) que regem a totalidade de tal processo.
Acredito que há, ainda, uma componente "genética", rudimento do passado remoto não superado pela evolução humana - um "hábito pré-histórico" assim como dormir, o homem, sempre do lado da cama voltado para a porta de entrada do dormitório, a fim de, inconscientemente, proteger a mulher.
Apesar de todo o egocentrismo humano, somos "intrusos tardios" na história evolutiva do planeta. Descendemos de criaturas rudes que descenderam de outras tantas ainda mais rudimentares, cuja única preocupação era a de sobreviver, entendendo-se com isso, alimentar-se e se proteger de ataques de outros animais.
Penso que parte da "ganância" que campeia as "necessidades" do topo da pirâmide de Maslow, tenha, como uma de suas componentes, uma "memória genética", um instinto de sobrevivência deturpado, que induz à acumulação irracional de bens além da necessidade.
E há, ainda, aqueles casos patológicos em que se trabalha em demasia para "esconder-se de problemas", para "preencher vazios" (sejam eles da natureza que forem), etc.
A conjugação de todos esses fatores, penso, determina o motivo pelo qual o homem seja um "escravo de múltiplos amos", incluindo-se a si próprio.
Mas se eu tivesse que eleger um que prepondere, eu não hesitaria em apontar o fator sociológico. Sobretudo, impera a "Lei do Triunfo" hilliana e o culto murphyiano à prosperidade. E disso jamais conseguiremos nos desvencilhar. Infelizmente.
E o motivo é simples: o "sistema" desenvolve defesas. E a principal, porque mais eficaz, é a alienação. Afinal, escravos alienados são escravos voluntários, e, dessa forma, seremos sempre escravos felizes!




quinta-feira, 12 de julho de 2012

O QUARTO REICH

Ainda na linha de análise das proezas do "macaco defectivo" e sua míope visão antropocentrista, gostaria de abordar o mecanismo de formação de tal modus pensandi e seus efeitos.
O homem é o reflexo de suas convicções e estas nascem de sua imersão em um ou mais "oceanos ideológicos" que influenciam sua forma de sentir e pensar, e, por via de consequência, suas atitudes.
Não há sistema político ou econômico sem a componente humana. As massas populacionais constituem o pilar de qualquer sistema. Não há capitalismo sem mercado consumidor ou mão-de-obra; não há regime político sem apoio popular. Assim, o caractere humano é essencial à manutenção de qualquer "sistema" que se deseje implantar ou perpetuar.
Uma vez que um "sistema" sobrevive das massas humanas, é mister que desenvolva mecanismos de controle que garantam sua ordem e obediência.
Da observação (ainda que superficial) da História, depreende-se com nitidez que o emprego de força é ineficaz ao alcance de tal desiderato.
Pouco se consegue em termos de cooperação humana, senão com o engajamento insuflado pela convicção.
A melhor maneira de se alcançar tal propósito é inocular valores à psique humana, o que se alcança por meio da veiculação ideológica.
Tal "inoculação" se materializa por diversas formas, sendo as principais a religião, a propaganda e a educação formal.
Não por acaso Her Hitler e o senhor Goebbels tomaram para o Estado o ensino infantil e massificaram as idéias de superioridade racial por meio de intensa propaganda política, explícita ou subliminar. Mein Kampf, aliás, tornou-se leitura obrigatória a partir de 1936 e as famílias que não possuíam um exemplar de tal obra (um misto de delírio e lamúrias de autopiedade!) poderiam ser delatadas como simpatizantes do regime stalinista.
Isto posto, atenhamo-nos à massificação ideológica da atualidade: a busca incessante, frenética e obrigatória pelo lucro.
Aliás, para ser preciso, nem tão atual, vez que já no século XVI o Cristianismo "modernizou-se" para promover o louvor ao lucro e à usura, que até então tinham sido ferrenhamente combatidos pela opulenta Igreja.
Pois bem, hoje, campanha publicitária de relógio de pulso tem como slogan "Conquiste o seu lugar, porque você merece o melhor". Tênis são vendidos sob o lema: "Porque o mundo é seu". Canais televisivos (pagos!) que deveriam tratar de sua "suposta especialidade" como o History Channel, destinam à maior parte de sua grade em horário nobre, programas de cunho mercantil travestidos de "históricos", como "mestres da restauração", "caçadores de relíquias" e o "incomparável" "trato feito" - um ícone ao "capitalismo histórico" em que uma família de comerciantes se gaba por explorar vendedores anônimos de quinquilharias (na compra) que se tornam relíquias (na venda), e cuja chamada publicitária propala em tom de deferência: "aqui o comerciante sempre ganha".
Para se conquistar o lucro a qualquer custo, e em escala crescente, evidenciando-se (e enaltecendo-se) as "necessidades ilimitadas" é preciso abarcar com avidez e resolução os "recursos limitados". E a maneira de "minimizar" os efeitos de tal despropósito e legitimar a depredação ecológica e extinção em massa de espécies animais, nada melhor do que retirar desses a sua importância.
Aqui encontramos a "solução final" do moderno "Reich capitalista": 
O "sistema", com distinta e sutil ardileza, solucionou tal incongruência, "humanizando os animais"!
E o ícone desse acinte pode ser observado em cores carregadas de mau gosto na infeliz programação oferecida pelo canal televisivo que, por suposto, deveria sustentar o estandarte do conservacionismo da vida animal e, por conseguinte, dos ecossistemas ameaçados: o Animal Planet.
Raras vezes senti minha inteligência tão insultada como no dia em que me deparei com o slogan do referido canal: "Animal Planet - surpreendentemente humano". A mensagem subliminar (fartamente fundamentada pela programação oferecida pelo referido canal) não deixa dúvidas sobre seu objetivo final: levar às últimas consequências o antropocentrismo!
Seria de se esperar assistir em um canal chamado "Animal Planet" os aspectos mais relevantes da vida ANIMAL, o que pressupõe a apresentação de documentários sobre a vida selvagem, a luta pela sobrevivência de espécies ameaçadas, os efeitos da expansão humana sobre a vida animal, etc.
Ao reverso disso, somos enxovalhados com programas do tipo: "encontros mortais" (dando enfoque à malévola natureza dos bichos); "amor de gato" e "encantador de cães" (mostrando o quão humanos são os animais, e o quão importantes os animais domesticados são para nós); "com água até o pescoço" (programa "surpreendentemente humano" que mostra as peripécias de construtores de aquários de luxo metidos a engraçadinhos); "atrações fatais" (quase um "clássico do suspense hitchcockiano", que relata, em tons patéticos, desfechos trágicos de humanos doentes mentais que coabitam com "perigosos e ferozes" animais assassinos); e o exemplo mais bem-acabado do mau gosto: um tal "bichos vergonhosos" (que relata estórias de animais de estimação com comportamento incongruente com a fina etiqueta humana, dentre eles, os absurdos casos do cão que peida, da cadela que lambe em excesso e da ave que joga comida para fora do cocho!).
É bastante clara a carga ideológica subliminar: os animais que realmente importam são os "nossos", os "civilizados", os verdadeiros representantes do reino animal. As subespécies animais, as sub-raças "incultas" e ameaçadoras não são dignas de nossa atenção em horário nobre e, uma vez que nada nos acrescentam - sequer as conhecemos! - seu desaparecimento nada significará. Afinal, somos amantes dos animais - os "verdadeiros" animais, que nasceram para alegrar nossas vidas, para cuidar de nossas casas e ornar nossos aquários.
Internalizada tal mensagem, está legitimada a matança, a extinção... Afinal, se o "Terceiro Reich" conseguiu, utilizando tais "ferramentas", legitimar o extermínio em massa de seres humanos, a implantação pelo "Quarto Reich"  - o "Reich Global" - da "solução final" para a "inferioridade racial animal" haveria de ser moleza, não acha?



quarta-feira, 11 de julho de 2012

O MACACO QUE NÃO DEU CERTO

Há dias venho pensando em tratar sobre tema relacionado à "febre do momento" - a preocupação ecológica.
Bem... provavelmente os "eco-frescos" de plantão não hão de gostar da abordagem, mas... acho que conseguirei suportar a dor de sua rejeição...


O "gatilho" que me motivou a escrever sobre o tema foi uma frase muito bem elaborada pelo amigo Luiz Curti jr.: "O homem é o macaco que não deu certo". 
Bem... acho que, partindo desse mote, não precisarei me alongar, até porque não domino o assunto, mas não custa acrescentar alguns dados...
O "temido" CO2 - marca mais pronunciada do "progresso humano", é capaz de causar o efeito estufa. Grande novidade! 
O que, provavelmente, não seja tão difundido é que o planeta já foi, há cerca de 700 milhões de anos, uma bola de gelo absolutamente inanimada, e que só há vida, hoje, exatamente por causa do efeito estufa decorrente da emissão natural de CO2 de origem vulcânica. E que, depois disso, o planeta entrou em fase de glaciações sucessivas, ocorridas em função de alinhamentos planetários que afetam a órbita da terra, afastando-a, temporariamente, do sol. E, no momento, estamos saindo de uma glaciação e nos dirigindo ao período de máximo aquecimento natural da terra. E ainda, que os oceanos, em épocas de glaciação, chegam a ter o seu nível rebaixado em até cem metros, por aprisionamento da água em blocos de gelo. E que, por óbvio, com o aquecimento - que ocorre naturalmente! - o nível dos mares tende a subir.
É claro que a intensificação da atividade industrial e a massificação do uso de automóveis (mormente com o IPI reduzido!) aceleram e, em certa medida agravam tal processo. E há quem diga que o "cocô das vaquinhas" seja igualmente pernicioso, no que tange ao dano causado ao ozônio atmosférico.
O fato é que, como sempre, o "macaco que não deu certo" tende abordar as questões sob a ótica do antropocentrismo (ou deveríamos dizer "simiocentrismo"?).
Nada há de errado na emissão de metano. E discutir-se sobre reduções na emissão de gás carbônico é exercício de pseudo-conservacionismo, vez que, como sempre, quer-se ir para o céu, mas sem morrer!
Todo mundo, e em particular os "eco-frescos", clama por um ar mais puro, mas não abrem mão de andar com seus carros e de colocar mais "eco-fresquinhos" no mundo, que, em uma ou duas décadas, completarão, orgulhosos, a marca do oito bilhões de "macacos defectivos".
Todos os povos querem "salvar o planeta", mas não abrem mão da tecnologia que lhes garante conforto e consome indiscriminadamente recursos finitos e não-renováveis.
O "antropocentrismo verde" é criação tão sui generis que chega a gerar slogans aberradores como "agropecuária sustentável"! 
Como é o HOMEM que está no centro do sistema planetário, tudo gira em torno de suas atividades, e, por óbvio, tudo tem de a elas se adaptar.
"Sustentabilidade" torna-se coqueluche; cria-se um "comércio paralelo" de "selos verdes" e, por óbvio, tenta-se obter mais lucro com a "onda preservacionista".
E como tudo vira festa - porque o homem é ser gregário, festeiro e vaidoso -, gastam-se mais de US$ 200 milhões para promover uma "ECO-alguma coisa" que não logra êxito algum.
Bem, mas ao menos o "homem" esteve em evidência! E alguns lucraram com isso... é o que importa!
O fato é que, enquanto se discute soluções para o pseudo-problema, desvia-se o entendimento humano da real causa das mazelas ecológicas do planeta: o próprio homem!
Será tão difícil de perceber que a taxa do crescimento demográfico humano, mais que vertiginosa, é vergonhosa?
Salvo engano (e caso haja algum, perdoem-me, mas estou com preguiça de consultar o deus-google), a população mundial manteve-se estável desde a idade média até a revolução industrial, em torno de um bilhão de pessoas. Da revolução industrial até meados do século XIX, passou para cerca de dois bilhões. E em pouco mais de um século, pulou para sete bilhões!
Um crescimento exponencial injustificável, aviltante, pernicioso e indecoroso.
Mas que não causa surpresa! Afinal, já que se duas grandes e catastróficas guerras não foram capazes de satisfazer a demanda do capitalismo por novos mercados (ainda que tenham enriquecido muita gente - que o diga o senhor Ford!), o jeito é expandi-los!
Ou você acreditou que a China ex-comunista, que primou por rígido controle de natalidade durante décadas, começou a incentivá-la - após tornar-se capitalista - porque está preocupada (como alegou) com quem irá cuidar de seus velhinhos?
Uma única coisa impulsiona todos os atos humanos - o interesse. E o principal deles é pelo lucro. E, para dar espaço ao dendê, os orangotangos da Indonésia serão extintos nos próximos dez anos. Para vender afrodisíacos, os chineses (como se precisassem!) patrocinam a matança do rinoceronte (pelo seu chifre) e dos tigre (pelo seu pênis!!!!!!). Ambos estarão extintos entre dez e quinze anos. Pelo mesmo motivo, tubarões são mortos pelas suas barbatanas, em nome da ereção, na nação mais populosa do planeta. E esses, os "ferozes" tubarões, morrem, por motivos diversos, à taxa de 42 milhões por ano, e tiveram sua população diminuída em 70% nos últimos 40 anos.
A lista é imensa e esses são apenas alguns poucos exemplos.
Como diz o "agente Smith", os homens são como vírus, que consomem tudo à sua volta.
E o pior, a meu ver, é a incapacidade de se perceber que não somos "o centro do universo". Somos apenas mais uma das milhares espécies ditas "superiores" que vagam sobre a terra; e que, até pouco tempo (em escala geológica) comíamos carniça apodrecida de restos de caça deixados por predadores.
O que nos diferencia é a inteligência e a linguagem simbólica. 
Porém, da linguagem simbólica, elegemos como ícone máximo, o status (lato sensu) decorrente do acúmulo de riqueza. E quanto à inteligência, colocamo-la a serviço desse fim.
Ou seja, somos os "macacos que não deram certo".

sexta-feira, 6 de julho de 2012

COMPLEMENTO



A título de complemento, permito-me acrescer um fecho ao texto anterior que soará a um trocadilho barato (e de fato é mesmo!), mas que não deixa de ser verdade...


Assim, interessante notar que, em ambas as "Teorias", o resultado da referida "deformação" tem o mesmo nome: gravidade.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

EINSTEIN, O "ESTÚPIDO", OU A TEORIA DA RELATIVIDADE DA INTELIGÊNCIA

Uma das definições do vocábulo "estúpido" é: "Que ou o que tem grande dificuldade em compreender, julgar ou discernir por falta de inteligência ou discernimento". (fonte: http://www.priberam.pt)
Por óbvio, herético se torna o título do presente texto, se o interpretarmos segundo essa conotação. Entretanto, é essa mesma a significação que pretendo imprimir ao vocábulo. Você entenderá o motivo de tal absurdo mais adiante.
Pois bem, tradicionalmente a sabedoria de um indivíduo costuma ser posta em relevo, o que se evidencia no reconhecimento mundial da Teoria da Relatividade desenvolvida por aquele iminente alemão de origem judia.
Por outo lado, mentes embotadas, que pouco ou nada produzem, costumam ser ignoradas, e suas produções postas em esquecimento.
Vou reproduzir um fragmento de um interessante livro que li dias atrás e gostaria que você o lesse com atenção e, ao longo da leitura, tentasse identificar quem é o seu autor. Faça esse esforço. É interessante e revelador.


"A anarquia econômica da sociedade capitalista, tal como existe hoje, é, em minha opinião, a verdadeira origem do mal. Vemos diante de nós uma gigantesca comunidade de produtores, cujos membros lutam incessantemente para privar os outros dos frutos de seu trabalho coletivo - não pela força, mas pela observância fiel das regras legalmente instituídas (...) os capitalistas privados controlam, de maneira direta ou indireta, as principais fontes de informação (...). É, pois, extremamente difícil - e na maioria dos casos, realmente impossível - para o cidadão individual chegar a conclusões objetivas e fazer um uso inteligente de seus direitos políticos (...)".
(BROWN, H.R. Albert Einstein. São Paulo: Ed. Brasiliense. 1984. p.61)


Pois bem, é isso... 
Você imaginaria que Einstein teorizou sobre isso? Claro que não. A QUEM INTERESSARIA QUE VOCÊ OU EU SOUBÉSSEMOS?
As palavras de um estúpido estão fadadas a se perderem no vento e seus escritos a perecerem na poeira da História.
Bem, nesse ponto, alguém interessado na manutenção do status quo diverso ao combatido pelo "gênio esquecido", argumentaria algo do tipo: "cada um no seu quadrado" (argumentação genial, aliás!) ou "Como economista, Einstein era um exímio físico". 
Bem, eu gostaria de contra-argumentar o seguinte: capacidade de raciocínio lógico e análise crítica, geralmente fundada em dois métodos científicos vastamente decantados pelos "papas do 'intelectualismo' contemporâneo" - a observação sistemática e a dedução - dela dispõem até mesmo os intelectos "medianas" (como o meu). O uso de silogismos é tão válido às ciências naturais e exatas quanto às humanas, e seu emprego não requer qualquer brilhantismo intelectual. A busca das "premissas maiores" é que pode adquirir nuances subjetivistas em função do que se deseja obter com a "prova" almejada.
Assim, uma vez que não se pode esperar que um débil resolva um problema de integrais triplas, é inconcebível que um "gênio" não disponha de capacidade analítica para constatar premissas e concluir de forma lógica acerca de seu encadeamento.
A contrario sensu, estar-se-ia diante de uma nova descoberta científica quase tão importante quanto a de 1916: a TEORIA DA RELATIVIDADE DA INTELIGÊNCIA, que poderia, talvez, ser assim definida:


"A lógica e a verdade são grandezas entrelaçadas que formam um 'tecido' que pode ser deformado na presença de uma grande massa chamada interesse".

QUE ALEGRIA!!!

Não se trata, hoje, de uma postagem. Permito-me vir aqui sem "nada de analítico" a dizer, tão-somente para externar uma profunda alegria. Há meses não apareço por aqui. Tive dificuldades até mesmo de encontrar o buraco da fechadura da porta de entrada para esse sítio. Há meses o tempo me tem atropelado e entre aulas, cálculos e, affffff, monografia, rss, sequer tive oportunidade (e nem vontade, confesso) de escrever uma única linha reflexiva sequer. Mas eis que entro aqui e encontro mais de duas mil visitações, comentários positivos e motivadores de amigos, alunos, alunos-amigos, pessoas desconhecidas, convites que eu sem saber, por não mais ter aqui aportado, ignorei e negligenciei a oportunidade de conhecer o trabalho de colegas anônimos, de futuros amigos que ainda não conheço. Convites muito honrosos e que eu os prestigiarei como seguidor, vez que, ainda nesses tempos de alienação coletiva, afloram, cá e ali, mentes que nos mostram ainda existirem oásis de sobrevida nesse "deserto massificante". Até a visita do sr. "deus" e seu fiel "escudeiro", sr. Sidnei Jr. eu tive a honra de receber! Meu amigo jovem filósofo. Enfim... muita gente - o que me deixou extremamente feliz e motivado a voltar aqui mais vezes.
Pelo risco de recair na "Síndrome de Maguila", suspendo os "abraços a fulano" e "agradecimentos a beltrano", mas agradeço de coração a todos e, tão-logo (o senhor Lula e a minha desídia me tiraram a certeza sobre se tem hífen ou não!) eu consiga me desvencilhar de tantos afazeres, eu os contactarei um a um e visitarei um a um todos os blogues de pessoas que me convidaram a fazê-lo.
Grande abraço a todos e, novamente, MUITO OBRIGADO!