terça-feira, 11 de maio de 2010

Tributo à imbecilidade


Porque imagens valem mais que palavras, ainda mais se forem acompanhadas de boa música, posto hoje um vídeo-clipe que retrata com maestria, ao som de uma música deliciosa, ótima letra, arranjos irretocáveis, cenas da mais pura imbecilidade relacional humana. Falo sério! Se tiveres um tempinho, assista-o. Vale a pena! É realmente excelente e retrata com cores convincentes aquilo contra o que venho lutando com milhares de palavras escritas aqui ao longo de meses.


Divirta-se e reflita.




(Daqui por Diante - Barão Vermelho)


quarta-feira, 5 de maio de 2010

Benjamin Button e as conchas fechadas


Assistindo (pela segunda vez) o filme “O intrigante caso de Benjamin Button” (tradução livre), ao final, assim como da primeira vez, peguei-me pensativo. Impossível não ficar!
Versa sobre a estória de um personagem, interpretado por Brad Pitt, que nasce ancião, rejuvenesce com o tempo, e morre bebê. Um tanto pitoresca, mas sensível o suficiente para remeter o expectador à reflexão. Sugiro assistam, se ainda não o fizeram.
A reflexão é: qual é o sentido de todas as coisas que fazemos durante nossa vida, que por sinal, ainda que não pareça a alguns, é realmente curta?

Diversas pessoas passam por nossa vida. Algumas não se demoram. Outras se demoram um pouco, outras muito. Mas todas ‘passam’. E nós também passamos, inexoravelmente. O que importa, ao final, é perceber que jogamos fora o mínimo possível de oportunidades. E que aproveitamos o maior número possível delas. Bem, isso não parece muito profundo. Aliás, parece frase feita. De fato é. Mas, importante é nos atermos um pouco mais ao sentido de “oportunidade”. O que, de fato são elas? E mais: quais são as oportunidades que realmente importam, afinal?
Quanto mais o tempo passa, mais convicto fico de que não se trata de dinheiro, de carreira... talvez nem mesmo de viver um ‘grande amor’. Não que essas coisas não sejam importantes. São! Mas percebo cada vez mais claramente que a maior oportunidade que perdemos é aquela que, ironicamente, depende exclusivamente de nós mesmos. É a oportunidade de “viver as oportunidades". Viver no sentido de “viver intensamente”. De retirar cada gota de cada coisa que se nos apresenta na vida. E não o fazemos...
Preferimos provar pouco por medo de sofrer. Se temos oportunidade de nos envolver com alguém, apaixonarmo-nos, intensa, profundamente, reprimimos os sentimentos por receio de que um dia acabe, sem percebermos que tudo, um dia, acaba. Com isso, deixamos de suspirar, de tornar os dias melhores, de sorrir, de viver!
Se encontramos alguém pelo caminho, alguém que se nos apresenta como um potencial amigo, limitamo-nos a nos envolver superficialmente. Ao invés de nos mostrarmos por completo, de nos interessarmos por saber como aquela pessoa realmente é, o que pensa, o que tem para nos ensinar, preferimos gastar nosso tempo com comparações emulativas, com superficialidades que nada nos acrescenta a não ser, talvez, o fato de nos sentirmos (provavelmente erroneamente) mais inteligentes, mais belos ou mais importantes do que ela. Quanta bobagem... quanta superficialidade... que vida tola!
Ao invés de nos tornarmos proativos, interagirmos, ensinarmos, aprendermos, ajudarmos, motivarmos, vibrarmos com a felicidade alheia, fazemos o oposto diametral, ainda que tentemos não demonstrá-lo (nem para nós próprios!). Fecha-se em si, maldiz-se, inveja-se, critica-se, desconfia-se, acusa-se... Meu Deus! Que desperdício de vida!
Ao invés de se aprender com as diferenças, condena-se-as.
Nenhuma empatia... só antipatia travestida de indiferença ou, por vezes, de simpatia. E nada ou muito pouco se constrói de real valor na vida. Valor! Real valor! Não financeiro. Mas de intensidade. Intensidade de vida, de amor, de carinho, de afeto, de amizade, de motivação, de suspiros, de amizade, de reciprocidade...

Quanto tempo levará para que se entenda isso? Será preciso esperar pela velhice, quando já não mais se tem saúde, vigor, disposição, oportunidades, para perceber que a vida corre na direção oposta à que a maioria de nós caminha?
Eu espero que você perceba isso em tempo de poder fazer algo a respeito.

Mas não se engane: será preciso que outras pessoas também o façam, principalmente aquelas que estão ou venham a ficar mais próximas de você. Caso contrário, você será uma voz solitária em meio a uma multidão surda. E essa é uma sensação frustrante, eu lhe asseguro!
Seja como for, melhor lutar, tendo-se uma chance remota de sucesso do que simplesmente deixar que a vida se vá... morna, superficial, vã.
Eu torço por você, seja você quem for. Quem sabe eu possa, ainda, aprender muito com você. Quem sabe possamos motivarmo-nos mutuamente, rirmos juntos, ampararmos um ao outro, ajudar juntos a uma terceira pessoa... vibrar com o progresso um do outro. Confidenciarmos segredos. Crescer, viver.
Eu sei... sei que o mundo torna a todos, conchas fechadas. Conchas covardes. Conchas vaidosas... “deuzinhos” vazios. Por isso o meu diuturno lamento. Vidas desperdiçadas por vaidade, orgulho, empáfia, medo, pragmatismo... burrice!
Quiçá eu encontre algumas “conchas abertas” ao longo do caminho... Tomara você também encontre. Cuide apenas para que não deixe passar a oportunidade de identificá-las. Algumas já devem ter passado sem que você notasse.
Se quer viver uma vida melhor, comece por mudar-se a si e à sua percepção a respeito das coisas e das pessoas. Aí a concha começará a se abrir...

Boa sorte!

domingo, 2 de maio de 2010

Grandes invenções sociais desagregadoras - parte I: A Cobrança


Depois que inventaram a “cobrança” ficou fácil desonerar-se da responsabilidade pela falta de reciprocidade, não acha? É simples assim: A e B se aproximam: A age proativamente em relação a B, pagando-lhe atenção, carinho, cuidados, zelo. B, apesar de demonstrar satisfação com o fato, prossegue agindo apática e desidiosamente em relação a A. A, por sua vez, desestimula-se com o fato e tem de optar por uma de três alternativas: a) permanece agindo diligentemente, ignorando a falta de reciprocidade e assumindo os riscos demeritórios que tal escolha implica; b) suspende a atitude proativa na esperança de que B “se toque”; ou c) comunica a B que a ausência de reciprocidade acabará por desestimular-lhe a continuar a agir zelosamente.
Na primeira hipótese, A transformar-se-á, provavelmente, em alguém desimportante permanentemente, já que nem a si próprio dá valor. Quem lhe daria então?
Na segunda hipótese (a mais comum), a ruptura brusca do modelo pode surtir algum efeito positivo, mas isso dependerá do quanto B depende emocionalmente de A. Pode ser um tiro no pé, já que se trata de motivação emocional.
Na terceira, menos comum, mas, em tese, mais eficiente, dois prováveis desfechos se delineiam: B compreende racionalmente a insuficiência de seus atos em relação a A e revê sua maneira de agir. É provável, até, que B se sinta lisonjeado por notar que sua atenção é importante para alguém. O segundo desfecho é o mais corriqueiro, infelizmente: B se sente ‘cobrado’ por A e simula (ou pior: sente mesmo!) desapontamento e indignação por isso (dada a sua imaculada altivez fundada em sólido bloco de ignorância egoísta monolítica) e, evidentemente, “chuta o balde”.
Como eu disse no início, depois que inventaram a ‘cobrança’, ninguém mais se responsabilizou pela insuficiência de sua capacidade de agir com reciprocidade. É uma pena! Mas quem disse que as ‘invenções’ culturais são agregadoras?