segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

ORAÇÃO À HIPOCRISIA -

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Hipocrisia nossa que estais na Terra
Santificado seja o vosso nome
Vinde vós ao meu reino
Seja feita a minha vontade
E que ela pareça inspirada no céu
Aparência ilibada nos dai hoje
Perdoai as minhas ofensas
Ainda que eu não perdoe a quem me tem ofendido
E não me deixeis parecer imperfeito
Para que eu possa criticar todo o mal
Porque minha tem de ser a razão, o poder e a glória
Para todo sempre!
Amém!

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Prayer to hypocrisy


Our hypocrisy that is on Earth

Sanctified be thy name

Come ye to my kingdom

Be made my willAnd it seems inspired by the heaven

Give us an unblemished appearance

Forgive my trespasses

Although I don’t forgive those who trespass against me

And don’t let me seem imperfect

So I can criticize all evil

Because I must be the reason, the power and glory

Forevermore!

Amen

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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A DITADURA DO AMOR E DO SUCESSO

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Costuma-se dizer que “respeito não se exige, conquista-se”. Verdade. Mas apenas parcial! Já houve épocas em que essa era uma verdade insofismável. Hoje em dia não se pode dizer o mesmo.
Uma, duas, três gerações atrás, cultivavam-se valores que contemplavam o respeito em suas várias matizes: respeito aos mais velhos, respeito aos pais, aos professores e, sobretudo, respeito ao próximo.
Atualmente, o conceito de respeito relativizou-se como todo o resto. Uma campanha cultural massiva encarregou-se de disseminar a idéia de que se deve respeitar primeiramente a si, em detrimento do outro. Essa foi apenas uma das múltiplas frentes da ação cultural dirigida que acabou por criar uma miríade de serem onipotentes e oniscientes que grassam mundo afora. Pessoas que nada têm a aprender e nada têm com que se preocupar senão com o único foco que conseguem enxergar: seus próprios interesses!
Noutras palavras: “se está bom pra mim, o resto que se f...!”
Você conhece algum desses? É o tipo que faz festa com música alta até altas horas da noite, pouco se importando com seus vizinhos. Ou então aquele que trapaceia, mente, engana, manipula, cria realidades que não existem para se beneficiarem de alguma forma, desprezando as conseqüências às outras pessoas. Conhece alguém assim?
É muito fácil posicionar-se a favor da reforma agrária, desde que ela não seja feita em suas terras. É muito fácil destruir relacionamentos – de qualquer tipo - culpando o outro. Aliás, esse ‘egocentrismo’ avizinha-se da covardia.
Não me causa, no entanto, espécie, tal realidade. Isso foi construído metodicamente ao longo de décadas. Numa sociedade em que só se fala de ‘amor’ e de ‘sucesso’, não sobra espaço para o cultivo de outros valores. Discorda? Sugiro então que empreenda uma pesquisa simples num ‘site’ de compartilhamento de músicas, por exemplo. Busque pela palavra-chave ‘amor’. Depois busque por ‘respeito’. Compare o número de resultados de ambos. Veja a proporção de filmes e novelas que tratam de ‘amor’ e qual espaço reservam para o cultivo de valores como respeito, amizade, cortesia.
Só se tem duas preocupações nessa vida: arrumar um grande amor e ser bem sucedido! E isso toma todo o tempo. Ocupa todos os espaços: tela da tv, tela do cinema, tela do computador, rádio, conversas com amigos, o silêncio do travesseiro...
Há mais um componente desse mortífero coquetel cultural. Mas, dele, ocupar-me-ei num outro dia.
Por ora, cabe-me lamentar que se permita acreditar que a vida é somente isso. Pobre! Frivolidade e superficialidade... Para quê mais, não é mesmo?!
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The dictatorship of love and success

It’s said that “respect is not required, respect is achieved”. That’s true. But only partly! There have been times when this was an essential truth. Nowadays you can not say the same.One, two, three generations ago, were cultivated values that included respect in their various hues: respect for elders, respect for parents, teachers and, above all, respect for others.Currently, the concept of respect relativized as all the rest. A massive cultural movement undertook to spread the idea that one must first respect yourself, to the detriment of another. This was just one of the multiple fronts of cultural action that led to create a myriad of omnipotent and omniscient persons that infest the world. People who have nothing to learn and nothing to worry about beyond the single focus that they can see: their own interests!
In other words, "if it's good for me, f... the rest!"
Do you know any of these? It is the kind that makes party with loud music until late at night, caring little about their neighbors. Or who cheat, who lie, who deceive, who manipulate, create realities that do not exist to benefit themselves in some way, disregarding the consequences to others. Know anyone like that?
It is very easy to take position in favor of agrarian reform, since it is not done on their own properties. It is very easy to destroy relationships - of any kind - blaming the other. Moreover, this 'selfishness' is in the neighborhood of cowardice.
however, this does not surprise me. It was methodically built over the decades. In a society in which only speaks of 'love' and 'success', there is no room for the cultivation of other values. Disagree? I suggest then you undertake a simple search on a site of music sharing, for example. Search for the keyword 'love'. Then search for 'respect'. Compare the number of results from both. See the number of films and novels that deal with 'love' and which allow space for the cultivation of values such as respect, friendship, courtesy.
You only have two concerns in this life: get a great love and be successful! And it takes all the time. It occupies all the spaces: the TV screen, movie screen, computer screen, radio, conversations with friends, the silence of the pillow ...
There are also a component of this deadly cultural cocktail. But I'll treat of this in another day.
For now, I must regret that permit the inference that life is just that. Poor! Frivolity and superficiality ... Why else, does not it?!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Bendito seja o silêncio

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Dentre as ontológicas predições do “oráculo” Orkut, que costuma brindar seus clientes com frases de pretenso efeito e ditos crestomáticos, algumas chamam, às vezes, a atenção por parecerem querer dizer alguma coisa. É o caso do trecho “(...) entre aqueles que não dizem nada, poucos são os que ficam em silêncio”.
Já dizia Sêneca que “Deus dotou o homem de dois ouvidos e uma só boca, para adverti-lo de que cabe-lhe mais ouvir do que falar”. De fato, quantas palavras são desperdiçadas tolamente com conversas vazias, autopromoção, mentiras, justificativas vãs sobre coisas injustificáveis. Inumerável contingente perde oportunidades de ficar calado quando nada tem a dizer.
Benditas sejam as palavras certas. E na falta delas, bendito seja o silêncio!


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Blessed be the silence

Among the ontological predictions of the "oracle" Orkut, which usually toasts its clients with phrases and quotes, some call it, sometimes, the attention, seeming to mean something. Is the case of the stretch "(...) between those who say nothing, few are those who remain silent. "Seneca already said that "God gave man two ears and one mouth, to warn him that he must listen more than talk." In fact, how many words are wasted foolishly in empty talks, self-promotion, lies, empty excuses about nonsensical things. Countless contingents of people lose opportunities to remain silent when it has nothing to say.Blessed are the right words. And, in the lack of these words, blessed be the silence!

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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

ESTOU FELIZ! MUITO FELIZ!

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O propalador de sua própria felicidade tem a mesma sina do pregador de suas virtudes: quanto mais fala, menos lhe acreditam.
Pouco ou nenhum ganho se aufere com esse labor. A experiência tem mostrado que os insatisfeitos correm a demonstrar o que lhes falta como se já o tivessem, como forma de se auto-afirmarem, ao passo que os satisfeitos não propendem a gastar seu tempo divulgando suas venturas - preferem vivenciá-las.
Repetir uma mentira até que se torne em verdade constitui filosofia Goebbeliana. A Goebbels, prefiro Gandhi que preconizava ser a verdade preferível à mentira, quaisquer que fossem ambas, e complementava: “o fato de se ignorar a verdade não faz com que ela deixe de ser verdadeira”.
E assim como Goering que, em sua defesa ante a corte de Nuremberg, atacou as práticas racistas e discriminatórias dos países vencedores, é provável que a essa asserção oponham o surrado argumento de que “a felicidade alheia incomoda”.
Talvez seja esse mesmo o intuito almejado: ‘incomodar’ - o que demonstra pronunciada venalidade inocente, uma vez que se ignora que, às pessoas de bem, folga a alegria alheia, e aquelas a quem esta incomoda são justamente as que correm em demonstrar felicidade ainda maior, numa insana disputa de vaidades e mentiras.
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