sexta-feira, 7 de setembro de 2012

CERTEZA CONDICIONADA


EU TENHO UMA CERTEZA SOBRE MIM: EU NÃO SOU MAIS INTELIGENTE, NEM MAIS ESPERTO, NEM MAIS IMPORTANTE QUE VOCÊ, SEJA VOCÊ QUEM FOR. MAS, SE VOCÊ ACHAR QUE É MAIS INTELIGENTE, MAIS ESPERTO OU MAIS IMPORTANTE QUE EU, ENTÃO EU ME ENGANEI A MEU RESPEITO.

DC TALK - "COLORED PEOPLE"


sexta-feira, 31 de agosto de 2012

DOMINE SUA NECESSIDADE DE APROVAÇÃO


Bem, como aqueles amigos que aqui aportam gentil e sistematicamente já devem ter notado, os "afazeres" do dia-a-dia alcançaram-me com resolução, o que tem me impedido de vir aqui compartilhar algumas reflexões.
Mas gostaria de aproveitar esse pequeno ínterim, antes de debruçar-me sobre outros tantos labores imperativos, para compartilhar algumas conclusões que soarão mais a "conselhos"  - e de fato o são, apesar de eu preferir entendê-los como "sugestões"! - direcionados a algumas pessoas de minha mais alta conta - que julgo desnecessário nominar -, mas que, creio, servirão a muitas mais, porque genéricos.

Dirijo-me a você. Você que, apesar de possuir em seu interior um diamante de inestimável valor, ainda crê que precisa de poucos e parcos reconhecimentos sociais dispensados como migalhas por pessoas que lhe são inferiores na maioria dos quesitos sociais que elas próprias utilizam para rotular-lhe.
Você não precisa mendigar por reconhecimento porque já nasceu maior do que aqueles de quem espera em vão respeito, atenção, admiração. E o motivo por não receber tais deferências, justas e merecidas, não reside em você, mas na praxe social disseminada pelos quatro cantos e entoada aos quatro ventos, em verso e prosa, segundo a qual "o que é feio tornou-se bonito e o que é bonito tornou-se feio". 
Não é preciso desesperar-se se todos os seus esforços para ser e fazer o melhor, a si e aos outros, não logram êxito nem alcançam reconhecimento. Esse é mais um sintoma de que você está trilhando a passos firmes o caminho da excelência, do aprimoramento pessoal, distinguindo-se a cada dia mais do que é comum. 
Gênios, estórias encantadas, futuros brilhantes decaem e jamais vingam por conta da maior fraqueza dos diligentes: a necessidade de reconhecimento. Esse é o maior câncer da sociedade, elemento embotador de mentes que dispersam suas energias e seu tempo buscando freneticamente parecer  "diferentes" em algum aspecto, para serem "reconhecidas"
Essa "ânsia" desmedida por aceitação social, por júbilo, por "curtidas" em redes sociais, por olhares de admiração, denota o mais cruel elemento escravizante de homens e mulheres, jovens e adultos, tornando-os dependentes de suas próprias aspirações deturpadas pela mídia e pelo controle social interpessoal, idiotizando-os a tal ponto de não mais discernirem o razoável do imponderável, numa "alquimia de espíritos" que transforma capacidade em imbecilidade. Pessoas livres em escravos. Potenciais felizes em eternos infelizes, sem perceberem que tal praxe os influencia como a água do mar: quanto mais dela bebem, tanto mais sentem sede e morrerão envenenados e desidratados, sem sequer ter vivido.
O ser "especial" não se mede pelo número de "curtidas" que recebe, mas pelo número de pessoas igualmente especiais com quem se é capaz de interagir, aprender, ensinar, tornar sua vida e a do próximo mais ricas e plenas.
Não há mérito algum em uma foto de uma "bunda murcha" que recebe milhares de "curtidas" numa rede social que externa, da forma mais crua, a pobreza de espírito, o mau gosto e a superficialidade de uma cultura decadente, idiotizada e consumista, que, não tarda, se autoconsumirá. Não há mérito em vencer uma prova em que o prêmio seja uma coroa de orelhas pontudas, o troféu seja uma taça de veneno e o diploma seja um atestado de incapacidade intelectual.
Não há mérito algum em ser visto, notado e desejado e valorizado (a) por pessoas que vêem, notam, desejam e valorizam o que há de pior na escala de valores (lato sensu) sociais e culturais. 
Se você "é" o que você "tem", então você não é NADA! Você é um "bosta" que jamais viverá por seus próprios méritos e morrerá sem ter sentido o gosto de ser autoconfiante.
Se você "é"  apenas sua aparência, então você viverá como uma casca vazia e morrerá mais cedo, quando sua "casca" começar a decair.
Se você precisa se sentir incessantemente cortejado (a) para se sentir menos inseguro, você vai viver com medo de seu travesseiro e morrerá sozinho porque ninguém confia em quem não confia nem em si próprio.
E você, que ainda não se contaminou com esse vírus idiotizante, cuide para que isso não aconteça. Porque gênios, pessoas e estórias brilhantes deixam, aos milhares, todos os dias, de se tornar realidade por conta de tal afecção. E  o mundo regozijar-se-á por arrastar mais uma alma brilhante para a multidão enlameada de errantes medíocres que crêem ser deuses e vivem e morrem no inferno da inquietude, da insatisfação, da sede por reconhecimento, por glórias vãs que emanam dos "cliques de curtir", de fugazes "olhares de admiração", de falsas demostrações de amizade. 
Se os medíocres "descolados" lhe brilharem aos olhos nalgum momento, repare se não se trata do apelo do ribombar estrondoso de um tambor que, apesar todo barulho que faz, é cheio somente de "vento".
E se te fizerem se sentir inapropriado, excluído, ponha em riste o seu dedo médio de ambas as mãos e siga seu rumo despreocupado: esse é o mais claro sinal de que você está trilhando o caminho de uma vida completa e feliz. 
Seja mais do que lhe obrigam querer ser. Seja VOCÊ.
E jamais duvide: sabe aquele vazio que você carrega incessantemente dentro de si? Na massa de medíocres, tal vazio é ainda maior! E lá, ele jamais será preenchido... porque o "vazio" é a ausência de si mesmo! A ausência de autoconfiança, de auto-respeito, de autossatisfação. 
Então pare de se expor. Pare de perder seu tempo "postando", em redes sociais, frases de efeito destiladas em engenhos de filosofia de botequim, tentando parecer mais sensível, mais digno, vitimizando-se ou indignado com as iniquidades da vida. O mundo está pouco se f... para você a menos que você tenha um carro importado ou uma bela bunda - os ícones máximos do "self-steem".
Pare de tentar parecer mais bonito, mais rico, mais inteligente, mais culto do que realmente é, porque isso todo mundo faz, e como cada um é, por definição e imposição cultural, um "deusinho", ninguém lhe notará a não ser para criticá-lo ou ridicularizá-lo (a menos que você tenha berço ou bunda de ouro!).
Então f...! 
Domine sua necessidade de aprovação social antes que ela lhe consuma a alma e lhe condene a uma vida medíocre, vazia e infeliz. 
Utilize seu tempo de forma mais útil. Aprenda, estude, planeje, sonhe, construa, realize, e sobretudo, saboreie... Viva sua vida sentindo os sabores de cada uma de suas experiências, ainda que as mais simples. E ame-se a si. Porque se você não se "curtir", ninguém lhe "curtirá". 






sexta-feira, 27 de julho de 2012

CIÚME INSTINTIVO

"Meu ciúme me mata! Sobe um sangue à cabeça e eu tenho vontade de 'esganar'... Quando eu sinto isso, eu perco a razão!"

Ouvi essa frase, dia desses, de uma amiga. E respondi-lhe: "Perde a razão e o 'fulano'".

Às vezes eu leio coisas esparsas dignificando o ciúme - ainda bem que são esparsas! - do tipo: "Ter ciúme é demonstrar que se ama", ou "Quem ama, cuida!", querendo, provavelmente, sugerir que "cuidar" seja sinônimo de "fiscalizar".
Desculpe-me você que curte estragar sua qualidade de vida, destruir suas relações e viver infeliz, mas, ainda que você queira se enganar tentando acreditar que ciúme é "prova de amor" e que "cuidados" significam "fiscalização", o fato é que nem as leis da natureza e nem o vernáculo podem ser alterados por sua vontade.
Quer dar provas de amor? Que tal começando com demonstrações de gratidão pela presença da outra pessoa em sua vida? Eu lhe garanto que funciona. Depois você poderá usar elogios, amabilidade, dedicação, respeito... Há inúmeras formas de demonstrar amor, incluindo um sexo bem gostoso e elaborado! Todas absolutamente eficazes. Mas nenhuma passa pelo ciúme.
Afinal, convenhamos... pode-se ter ciúmes de livros, de sapatos, de carros, e, comparar o apego material que você tem por esses objetos a amor, é no mínimo um insulto à inteligência de quem se quer convencer de que amor e ciúmes são dois lados da mesma moeda. É óbvio que se trata de sentimento vinculado à posse e não ao amor!
E quanto à praxe de associar ciúmes a "cuidados" (ou "fiscalização"), quem fiscaliza é porque não confia, nem em si nem na outra pessoa. Mais do que demonstração de insegurança, isso é prova de falta de talento. Quem faz bem feito o seu papel numa relação, não se preocupa com os resultados. SABE quais são os resultados!
Penso que isso, por si só, deveria ser suficiente para deixar claro a premência com que você deve repensar seus conceitos sobre o ciúme - sobre os resultados que tem colhido em suas relações. Mas gostaria de lhe dar um "incentivo extra"...
Repare na natureza... já notou que os animais sentem ciúmes? Sim, sentem. A começar do seu pet de estimação. Isso não te sugere nada? É claro que se trata de um "instinto" natural. Assim como o instinto de matar. Agora, o que difere o ser humano dos demais animais é sua capacidade de fazer associações simbólicas e o seu raciocínio lógico. Foi assim que se superou, racionalmente, o ímpeto assassino - ao menos para a maioria de nós! Então, sabendo disso e pensando racionalmente, você acha mesmo que deve se deixar sucumbir ao instinto do ciúme?
Quando você tem vontade de "matar" alguém, você mata? Então por que, quando você sente aquele ímpeto de estragar tudo, por ciúmes, você deveria estragar?
Afinal... estamos aqui para evoluir, não é mesmo?! 
Então pare de estragar sua felicidade por insegurança, incapacidade ou fraqueza de resolução pessoal. "Carpe diem" e seja feliz, hoje, porque, apesar de você não acreditar, o "HOJE" é tudo o que você tem! O "ontem" já foi, e o "amanhã" é incógnito!

quinta-feira, 26 de julho de 2012

O CANDIDATO DE UM ÚNICO VOTO

Imagine uma propaganda eleitoral com o seguinte teor:

"Prezado cidadão, meu nome é José da Silva. Tenho 36 anos, sou casado e pai de 3 filhos. Resido na rua Alfa, nº 100, no Bairro Beta, nessa cidade de Sigma. Após meditar bastante sobre como a política tem sido conduzida em nossa cidade e em nosso país, compreendi que não se poderá esperar por mudanças se os modelos de se fazê-la, não forem mudados, e que nada pode ser mudado se não mudarmos nossa atitude. Por isso, decidi candidatar-me para tentar, eu mesmo (e, tomara, com a ajuda de outros iguais a mim), realizar mudanças que possibilitem nos sentirmos mais dignos e respeitados como cidadãos.
Assim, e para mostrar-lhe que minha natureza difere daquela que você abomina, coloco, desde já, à sua disposição, a relação de bens que possuo na data presente:

- 01 casa financiada - valor: R$65.000,00.
- 01 carro modelo ---, ano --- - valor: R$25.000,00.
- 01 conta poupança com um saldo de R$5.5000,00.

A fim de demonstrar a evolução de minhas finanças, divulgarei, caso seja eleito, demonstrativos anuais de vencimentos, bem como minha declaração de renda.
Uma vez que discordo da maneira como a política tem sido praticada em nosso país, tomarei, desde já, algumas providências:

- Em minha campanha, não distribuirei, senão pessoalmente e em mãos, "santinhos" com meu nome e número, vez que entendo ser um "crime" jogar-se tanto papel fora, num país em que se desmata um Estado de Sergipe por ano. Além disso, penso ser inócua e desrespeitosa tal prática, já que, um eleitor inteligente não escolherá um candidato pela quantidade de papel que jogou na rua, mas sim, ao contrário, votará naquele que prestigiou a sua inteligência e a limpeza da cidade.

- Como acho um desrespeito com o eleitor gritar-lhe aos ouvidos um jingle, um slogan, um nome e um número, porque entendo que um candidado deve ser eleito por suas propostas e não pela repetição de seu número, não promoverei minha campanha em carros de som.

- Uma vez que discordo da forma como são feitos comícios e carreatas, que nada acrescentam ao eleitor, senão barulho e uma sensação de insulto à sua inteligência e dignidade, deles, igualmente, não participarei.

- Já que preciso mostrar-lhe minhas propostas (e isso eu não conseguiria fazê-lo em comícios e carreatas, ainda que eu quisesse), receber-lhe-ei em minha residência todos os dias úteis até o fim da campanha, para explicá-las e sanar-lhe qualquer dúvida.

- Caso não tenha condição de comparecer, entre em contato comigo pelo telefone xxx, que eu, após as 18:00, na data que lhe aprouver, terei o máximo prazer em ir até a sua casa para que você conheça a a mim e às minhas propostas.

- Desde que eu pretendo fazer política de uma forma diferente, advirto-lhe desde já que não oferecerei nenhum benefício pessoal, além do meu próprio trabalho em prol dos seus interesses como cidadão, em troca de seu voto ou seu apoio. Isso significa que, se você quer que eu lhe dê dinheiro para colar propaganda em seu carro, ou pague sua gasolina, ou qualquer outra "troca de favores espúria" do gênero, fique longe de mim, porque EU não quero o seu voto.

- Igualmente, se você pretende ajudar financeiramente a minha campanha, eu lhe agradeço e de sua ajuda prestarei contas. Mas faça-o segundo a Lei e não o faça esperando que vá lhe oferecer cargos ou benesses pessoais futuras por isso, porque o maior ganho que se pode ter advindo do trabalho de um político é o ganho social e não o pessoal. Portanto, se você se vende a troco de voto, ou barganha apoio para se beneficiar em detrimento da coletividade, associe-se a outro candidato. Eu não ofereço favores pessoais. Ofereço ganhos sociais - e o principal deles é a esperança de que as coisas podem ser diferentes e de que é possível acreditar em algo.

Porque se a esperança de que a dignidade, a seriedade e o respeito podem ser viáveis, renascer, ainda que para alguns poucos, ela contaminará a maioria, e aqueles que vivem de violentar o orgulho e a dignidade do cidadão de bem terão de ceder e retroceder. E aí todos se beneficiarão.

Obrigado por sua atenção.

Atenciosamente, José da Silva."

Infelizmente, esse candidato não existe. E se existisse, sabe quantos votos ele teria? Provavelmente o mesmo número de leitores que terá o presente texto.

E aí eu lhe pergunto: você não se sente incomodado com isso? Não se sente nem um pouco estimulado a tentar fazer algo diferente de conformar-se passivamente?
Com a resposta, seu travesseiro.