sexta-feira, 31 de agosto de 2012

DOMINE SUA NECESSIDADE DE APROVAÇÃO


Bem, como aqueles amigos que aqui aportam gentil e sistematicamente já devem ter notado, os "afazeres" do dia-a-dia alcançaram-me com resolução, o que tem me impedido de vir aqui compartilhar algumas reflexões.
Mas gostaria de aproveitar esse pequeno ínterim, antes de debruçar-me sobre outros tantos labores imperativos, para compartilhar algumas conclusões que soarão mais a "conselhos"  - e de fato o são, apesar de eu preferir entendê-los como "sugestões"! - direcionados a algumas pessoas de minha mais alta conta - que julgo desnecessário nominar -, mas que, creio, servirão a muitas mais, porque genéricos.

Dirijo-me a você. Você que, apesar de possuir em seu interior um diamante de inestimável valor, ainda crê que precisa de poucos e parcos reconhecimentos sociais dispensados como migalhas por pessoas que lhe são inferiores na maioria dos quesitos sociais que elas próprias utilizam para rotular-lhe.
Você não precisa mendigar por reconhecimento porque já nasceu maior do que aqueles de quem espera em vão respeito, atenção, admiração. E o motivo por não receber tais deferências, justas e merecidas, não reside em você, mas na praxe social disseminada pelos quatro cantos e entoada aos quatro ventos, em verso e prosa, segundo a qual "o que é feio tornou-se bonito e o que é bonito tornou-se feio". 
Não é preciso desesperar-se se todos os seus esforços para ser e fazer o melhor, a si e aos outros, não logram êxito nem alcançam reconhecimento. Esse é mais um sintoma de que você está trilhando a passos firmes o caminho da excelência, do aprimoramento pessoal, distinguindo-se a cada dia mais do que é comum. 
Gênios, estórias encantadas, futuros brilhantes decaem e jamais vingam por conta da maior fraqueza dos diligentes: a necessidade de reconhecimento. Esse é o maior câncer da sociedade, elemento embotador de mentes que dispersam suas energias e seu tempo buscando freneticamente parecer  "diferentes" em algum aspecto, para serem "reconhecidas"
Essa "ânsia" desmedida por aceitação social, por júbilo, por "curtidas" em redes sociais, por olhares de admiração, denota o mais cruel elemento escravizante de homens e mulheres, jovens e adultos, tornando-os dependentes de suas próprias aspirações deturpadas pela mídia e pelo controle social interpessoal, idiotizando-os a tal ponto de não mais discernirem o razoável do imponderável, numa "alquimia de espíritos" que transforma capacidade em imbecilidade. Pessoas livres em escravos. Potenciais felizes em eternos infelizes, sem perceberem que tal praxe os influencia como a água do mar: quanto mais dela bebem, tanto mais sentem sede e morrerão envenenados e desidratados, sem sequer ter vivido.
O ser "especial" não se mede pelo número de "curtidas" que recebe, mas pelo número de pessoas igualmente especiais com quem se é capaz de interagir, aprender, ensinar, tornar sua vida e a do próximo mais ricas e plenas.
Não há mérito algum em uma foto de uma "bunda murcha" que recebe milhares de "curtidas" numa rede social que externa, da forma mais crua, a pobreza de espírito, o mau gosto e a superficialidade de uma cultura decadente, idiotizada e consumista, que, não tarda, se autoconsumirá. Não há mérito em vencer uma prova em que o prêmio seja uma coroa de orelhas pontudas, o troféu seja uma taça de veneno e o diploma seja um atestado de incapacidade intelectual.
Não há mérito algum em ser visto, notado e desejado e valorizado (a) por pessoas que vêem, notam, desejam e valorizam o que há de pior na escala de valores (lato sensu) sociais e culturais. 
Se você "é" o que você "tem", então você não é NADA! Você é um "bosta" que jamais viverá por seus próprios méritos e morrerá sem ter sentido o gosto de ser autoconfiante.
Se você "é"  apenas sua aparência, então você viverá como uma casca vazia e morrerá mais cedo, quando sua "casca" começar a decair.
Se você precisa se sentir incessantemente cortejado (a) para se sentir menos inseguro, você vai viver com medo de seu travesseiro e morrerá sozinho porque ninguém confia em quem não confia nem em si próprio.
E você, que ainda não se contaminou com esse vírus idiotizante, cuide para que isso não aconteça. Porque gênios, pessoas e estórias brilhantes deixam, aos milhares, todos os dias, de se tornar realidade por conta de tal afecção. E  o mundo regozijar-se-á por arrastar mais uma alma brilhante para a multidão enlameada de errantes medíocres que crêem ser deuses e vivem e morrem no inferno da inquietude, da insatisfação, da sede por reconhecimento, por glórias vãs que emanam dos "cliques de curtir", de fugazes "olhares de admiração", de falsas demostrações de amizade. 
Se os medíocres "descolados" lhe brilharem aos olhos nalgum momento, repare se não se trata do apelo do ribombar estrondoso de um tambor que, apesar todo barulho que faz, é cheio somente de "vento".
E se te fizerem se sentir inapropriado, excluído, ponha em riste o seu dedo médio de ambas as mãos e siga seu rumo despreocupado: esse é o mais claro sinal de que você está trilhando o caminho de uma vida completa e feliz. 
Seja mais do que lhe obrigam querer ser. Seja VOCÊ.
E jamais duvide: sabe aquele vazio que você carrega incessantemente dentro de si? Na massa de medíocres, tal vazio é ainda maior! E lá, ele jamais será preenchido... porque o "vazio" é a ausência de si mesmo! A ausência de autoconfiança, de auto-respeito, de autossatisfação. 
Então pare de se expor. Pare de perder seu tempo "postando", em redes sociais, frases de efeito destiladas em engenhos de filosofia de botequim, tentando parecer mais sensível, mais digno, vitimizando-se ou indignado com as iniquidades da vida. O mundo está pouco se f... para você a menos que você tenha um carro importado ou uma bela bunda - os ícones máximos do "self-steem".
Pare de tentar parecer mais bonito, mais rico, mais inteligente, mais culto do que realmente é, porque isso todo mundo faz, e como cada um é, por definição e imposição cultural, um "deusinho", ninguém lhe notará a não ser para criticá-lo ou ridicularizá-lo (a menos que você tenha berço ou bunda de ouro!).
Então f...! 
Domine sua necessidade de aprovação social antes que ela lhe consuma a alma e lhe condene a uma vida medíocre, vazia e infeliz. 
Utilize seu tempo de forma mais útil. Aprenda, estude, planeje, sonhe, construa, realize, e sobretudo, saboreie... Viva sua vida sentindo os sabores de cada uma de suas experiências, ainda que as mais simples. E ame-se a si. Porque se você não se "curtir", ninguém lhe "curtirá".