Sabe quando você não tem mais certeza de algo que antes lhe era uma convicção plena? Talvez você já tenha passado por isso. É uma sensação estranha. Senti isso uma vez, de forma acentuada, quando me roubaram um carro. Pensei, confuso, “mas eu tenho certeza de que o estacionei exatamente aqui!”. Depois busquei alternativas: “talvez eu o tenha estacionado em outro lugar”. E, por fim... a realidade: “a casa caiu”!
Bem, o fato de o carro não estar mais lá, não anula o fato de eu realmente tê-lo estacionado naquele lugar. Então, ficou a certeza: eu realmente o havia deixado ali. Mas ela de nada adiantou...
Por que escrevo isso? É um paralelo. Há, noutras proporções, forte afinidade entre este fato e outros, sociais, cotidianos, aos quais estamos expostos diariamente. A certeza de que algo deveria ser de tal forma, mas, inapelavelmente, mudou! É o caso, por exemplo, da cortesia, da educação informal, da seriedade de propósitos, da honestidade em diversos graus e da equidade de tratamento.
Vejamos: quando eu era um garotinho, ensinaram-me que o que se deveria buscar como ápice da realização como ser humano, como cidadão, era: ser educado, polido, justo, equânime, honesto e trabalhador. Claro, acreditei. E creio que o mesmo aconteceu com você. E continuo acreditando. Mas...
Bem, a realidade: ser educado e polido, em dias atuais, tornou-se antiquado, caiu em desuso e seu uso, por vezes, implica em situações constrangedoras. Não raro se ouve, percebe-se ou se sente reprovação às boas maneiras. Ou será que você jamais ouviu um comentário do tipo: “fulano é tão educadinho que parece um ‘boiola’”? Mais que isso, educação, hoje, parece ser associada a submissão e o seu contrário, a arrogância, parece ter adquirido aura de superioridade – desejável e cultuada indissimuladamente. E ainda mais: para piorar, se se usa de educação, diligência, atenção para com o sexo oposto, confunde-se-o com “segundas intenções”.
Equanimidade? “Isso morde?”. Não, mas deveria, em alguns casos! O mundo se tornou uma arena em que se é “cada um por si” e, nessa seara, não sobra espaço para a justiça e a equanimidade no trato social. “Primeiro eu!”. “Eu posso, você não pode”. E pior: Exige-se, mas não se dá a contrapartida. São uma miríade de ‘deuzinhos’ ávidos por serem cultuados, adorados, idolatrados, mas sem nada a oferecer em troca, senão a gratificante benesse de sua venerável presença diante de nós. Affffff...
Honestidade... honestidade! A maior perda de todas no tecido social. “Jeitinho”. “Quebra-galho”, “dar-se bem” viraram o norma. A violação punível é a honestidade. Punível em mais de um âmbito: paga-se ao perder as melhores oportunidades por falta de “esperteza” e paga-se por não ser esperto: “Mas tu és um anjinho, mesmo, heim?!”. Como se a abstenção à prática da esperteza fosse um ilícito penal punível com a reprovação social, velada ou não.
E quanto à figura do homem trabalhador, que vence com seus esforços, com o suor de seu rosto, honestamente, produzindo e poupando? Foi substituída pela máxima: “Quem trabalha não tem tempo para ganhar dinheiro”. Nada mais a conjecturar!
Havia, décadas atrás, a figura da ‘ovelha negra’, cercada por brancas, coagida por olhares de censura e reprovação. Hoje as posições se inverteram: a ovelha branca ocupa o centro das atenções reprovadoras. Sustenta-se sobre um cadafalso.
Tornou-se bonito ser feio. E feio ser bonito.
Mas então papai e mamãe mentiram? Não... Eles só não contavam com a degeneração maciça destes valores em tão pouco tempo, motivada, principalmente, por mudanças culturais aceleradas pelo dirigismo consumista. Afinal, ‘deusinhos’ consomem mais roupas de marcas famosas, veículos caros e aparelhos celulares de última geração, já que têm de ostentar o poder de sua glória infundada.
Entretanto, não é porque o carro não está mais lá, que ele não deveria estar. Terem-no roubado não significa que ele não deveria ter permanecido onde estava! E perder a consciência disso significa sucumbir no cadafalso.
Bem, talvez não seja tão ruim! Quem sabe, com tal sucumbência, as ovelhas negras não se matem umas às outras (estão em vias de!) e dêem espaço para o surgimento de uma nova geração de brancas?
Bem, o fato de o carro não estar mais lá, não anula o fato de eu realmente tê-lo estacionado naquele lugar. Então, ficou a certeza: eu realmente o havia deixado ali. Mas ela de nada adiantou...
Por que escrevo isso? É um paralelo. Há, noutras proporções, forte afinidade entre este fato e outros, sociais, cotidianos, aos quais estamos expostos diariamente. A certeza de que algo deveria ser de tal forma, mas, inapelavelmente, mudou! É o caso, por exemplo, da cortesia, da educação informal, da seriedade de propósitos, da honestidade em diversos graus e da equidade de tratamento.
Vejamos: quando eu era um garotinho, ensinaram-me que o que se deveria buscar como ápice da realização como ser humano, como cidadão, era: ser educado, polido, justo, equânime, honesto e trabalhador. Claro, acreditei. E creio que o mesmo aconteceu com você. E continuo acreditando. Mas...
Bem, a realidade: ser educado e polido, em dias atuais, tornou-se antiquado, caiu em desuso e seu uso, por vezes, implica em situações constrangedoras. Não raro se ouve, percebe-se ou se sente reprovação às boas maneiras. Ou será que você jamais ouviu um comentário do tipo: “fulano é tão educadinho que parece um ‘boiola’”? Mais que isso, educação, hoje, parece ser associada a submissão e o seu contrário, a arrogância, parece ter adquirido aura de superioridade – desejável e cultuada indissimuladamente. E ainda mais: para piorar, se se usa de educação, diligência, atenção para com o sexo oposto, confunde-se-o com “segundas intenções”.
Equanimidade? “Isso morde?”. Não, mas deveria, em alguns casos! O mundo se tornou uma arena em que se é “cada um por si” e, nessa seara, não sobra espaço para a justiça e a equanimidade no trato social. “Primeiro eu!”. “Eu posso, você não pode”. E pior: Exige-se, mas não se dá a contrapartida. São uma miríade de ‘deuzinhos’ ávidos por serem cultuados, adorados, idolatrados, mas sem nada a oferecer em troca, senão a gratificante benesse de sua venerável presença diante de nós. Affffff...
Honestidade... honestidade! A maior perda de todas no tecido social. “Jeitinho”. “Quebra-galho”, “dar-se bem” viraram o norma. A violação punível é a honestidade. Punível em mais de um âmbito: paga-se ao perder as melhores oportunidades por falta de “esperteza” e paga-se por não ser esperto: “Mas tu és um anjinho, mesmo, heim?!”. Como se a abstenção à prática da esperteza fosse um ilícito penal punível com a reprovação social, velada ou não.
E quanto à figura do homem trabalhador, que vence com seus esforços, com o suor de seu rosto, honestamente, produzindo e poupando? Foi substituída pela máxima: “Quem trabalha não tem tempo para ganhar dinheiro”. Nada mais a conjecturar!
Havia, décadas atrás, a figura da ‘ovelha negra’, cercada por brancas, coagida por olhares de censura e reprovação. Hoje as posições se inverteram: a ovelha branca ocupa o centro das atenções reprovadoras. Sustenta-se sobre um cadafalso.
Tornou-se bonito ser feio. E feio ser bonito.
Mas então papai e mamãe mentiram? Não... Eles só não contavam com a degeneração maciça destes valores em tão pouco tempo, motivada, principalmente, por mudanças culturais aceleradas pelo dirigismo consumista. Afinal, ‘deusinhos’ consomem mais roupas de marcas famosas, veículos caros e aparelhos celulares de última geração, já que têm de ostentar o poder de sua glória infundada.
Entretanto, não é porque o carro não está mais lá, que ele não deveria estar. Terem-no roubado não significa que ele não deveria ter permanecido onde estava! E perder a consciência disso significa sucumbir no cadafalso.
Bem, talvez não seja tão ruim! Quem sabe, com tal sucumbência, as ovelhas negras não se matem umas às outras (estão em vias de!) e dêem espaço para o surgimento de uma nova geração de brancas?
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