terça-feira, 30 de março de 2010

SOLOS...


Existem diversos tipos de solo... Há os solos férteis, nos quais germinam todos os tipos de sementes. Há solos medianos, em que algumas sementes germinam, outras não. Há os solos áridos, os solos pantanosos. Há os solos estéreis em que nada nasce. Solos... As pessoas são como solos. E, assim como neles, em algumas pessoas, as sementes tardam mais a irromper sua dormência. Mas a irrompem e buscam a luz, ainda que tardiamente e a certo custo. Assim como os solos, as pessoas podem receber quaisquer tipos de sementes. Boas ou ruins. Joio ou trigo.
Bem, são apenas sementes. Sementes não têm valoração senão as que os homens lhes dão. Há sementes e solos de todos os tipos. Há convicções, idéias, sentimentos de todos os tipos.

Felizes aqueles que podem dar suporte a todos os tipos de sementes. Estes são solos raros... acolhem a toda variedade de vida, de idéias, de sentimentos. Sem medo, sem pudor, sem expectativas. Apenas acolhem-nas. E da abundância de vida à qual dão suporte, resulta-lhes mais e maior fertilidade, sempre. Porque joio e trigo são apenas plantas. Nem boas, nem más. Nem morais, nem imorais. Apenas... amorais. E, tanto joio, quanto trigo, quanto o homem, voltarão ao mesmo solo. Por isso, feliz o solo que dá vida a todas as sementes. Porque elas lhe retirarão algo, mas dar-lhe-ão mais do que levaram.
Pobres solos pobres. Escravos de sua seletividade, deixam de experimentar a plenitude de suas existências, acorrentados em seu dogmatismo ignorante. Sementes únicas, idéias fixas, inflexibilidade. Do alto de sua arrogância, ostentam, orgulhosos, a monotonia cromática de sua monocultura. Pobres solos pobres! Ao cabo de uns poucos anos, estarão inúteis, inférteis, infelizes. E, por fim, extenuados, empobrecidos – vidas empobrecidas – limitar-se-ão a dizer, fundamentados em sua ignorância convicta: “é a minha natureza! Eu jamais mudarei”.
Talvez estejam certos... talvez seja mesmo a sua natureza. Talvez alguns solos tenham “nascido” para dar suporte à exuberância da vida, do amor, das experiências; e outros para orgulharem-se da monocromia enfadonha da única cultura que acreditam (acreditam?) ser capazes de suportar. Pobres solos pobres...



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