quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Reflexão

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Olá! Bem vindo(a)! Hoje estou de ótimo humor e, por isso, quero compartilhar com você uma habilidade que desenvolvi com o tempo. É a seguinte: Eu tenho a habilidade de descobrir o 'conteúdo' das pessoas! Sim! Adquiri a habilidade de ler as mentes, ver os corações. Adivinhar pensamentos, expectativas, esperanças. E mais: faço isso telepaticamente! Assim, mesmo longe da pessoa, posso descobrir quem ela é! Duvida? Vou prová-lo. No próximo parágrafo descreverei VOCÊ! Preste atenção...
Você é alguém especial, apesar de as pessoas não lhe darem o real valor que você tem. Você sonha com um futuro melhor do que o presente, quer ganhar bastante dinheiro, ocupar um ‘status’ de prestígio. Sonha em encontrar um amor, ‘o amor’, o real, verdadeiro, arrebatador amor que arranca suspiros da alma e vivê-lo plenamente até o fim de sua vida. Quer viajar, conhecer outros países. Quer satisfação sexual plena. Quer tudo isso... porque conquistando tudo isso, você terá conquistado a felicidade, certo?
Viu?! Eu não disse que conseguiria ‘ler’ através de você?
Hum? O que você pensou? Que isso é bobagem? Que as coisas que eu disse são óbvias pois essas são as coisas que todo mundo deseja pra ser feliz? Exato! Esse era o ponto onde eu queria chegar! Antes que me tome por um charlatão, deixe-me explicar.


Obviamente eu não tenho capacidade para saber o que os outros pensam e nem gostaria de tê-la! Eu elaborei essa ‘brincadeira’ para ganhar sua concordância a respeito de dois pontos iniciais que desejo abordar: a) todo mundo quer ser feliz, e b) os elementos que todos buscam a fim de realizar sua felicidade são, basicamente, os descritos acima (bem, agora não adianta discordar! Foi você quem disse – ou pensou!).
Pois bem, dizem que a “unanimidade é burra” e eu concordo. Então eu lhe pergunto, por que fatores como sucesso profissional, riqueza, conforto, amor, paixão, sexo, entre outros, são unanimemente aceitos como sendo os pilares da felicidade?
A pergunta parece tola, mas... pense um pouco. Não lhe parece estranho que num mundo com cerca de seis bilhões de pessoas, todos creiam que exatamente os mesmos fatores trarão felicidade?
Ah... eu sei o que você pensou (estou ficando bom nisso!): “ei, não é bem assim! Em alguns países de cultura diferente da nossa, como a Índia, por exemplo, o conceito de felicidade é bem diferente!”.
Ótimo! Perfeito! Então estamos de acordo que o conceito de felicidade e, por conseguinte, as metas a se conquistar para alcançá-la, dependem da cultura em que se vive? Muito bom! Continuemos...
Tomando, então, por base de análise a nossa sociedade (ocidental, capitalista, cristã), em sua opinião por que é que esses elementos (sucesso, dinheiro, prestígio, amor, paixão, sexo) são, hoje, a base para a felicidade? “Porque sim” não vale! Por que estes fatores e não outros?
Ora, poder-se-ia ‘eleger’ quaisquer valores, correto? No Nepal não se jejua a fim de buscar a purificação e, por conseguinte, a felicidade? Por que não aqui?
“Ah, é por causa da cultura! Lá é diferente!”. Sim. Então, se você tivesse nascido no Nepal, você buscaria a meditação e o jejum para se aproximar da felicidade, certo? E como nasceu aqui, precisa buscar dinheiro, sucesso profissional, um grande amor...
Eu disse ‘precisa’ porque é exatamente isso: um imperativo (categórico!). Se não o alcançar sua felicidade será incompleta. Estou mentindo?
Já parou para pensar que você não teve escolha? O fato de ter nascido aqui obrigou-lhe a ‘buscar’ a realização dessas metas? Ou, de outra forma: alcançar o sucesso, um grande amor, dinheiro, tudo isso, tornou-se sua obrigação? Primeiro porque você se cobra. E se não o alcança, frustra-se. Segundo porque os outros te cobram. E nós dois sabemos bem como funciona isso...
“Quando você se formar, meu filho, você arrumará um ótimo emprego”, ou então “puxa, você ainda não trocou de carro?”, ou ainda “nossa, você não dá sorte no amor, né?”. Essas são algumas das infinitas formas de cobrança, censura, crítica a que estamos todos submetidos. A isso se dá o nome de “controle social”.
Outra pergunta: você já parou pra pensar em ‘jogar tudo pro alto’? Desistir de lutar (pense um pouco sobre essa frase!)? Tornar-se alguém ‘avesso’ às convenções, vender artesanato numa praia, morar num lugar afastado e comer apenas o que plantar? Se sim, qual foi a sensação que se seguiu a esse pensamento? Seria um misto de sensação de fracasso e vergonha. “O que os outros diriam?” ou então “E a minha dignidade, onde fica?”.
Hum... Percebe o poder do controle social? Ele age de dentro para fora e de fora para dentro. Você se censura, os outros te censuram. Você não tem escolha.
Ah, mas no fundo eu sei que você pensa: “não, essa é uma escolha minha! Eu decidi viver assim, ser assim. Essas são as coisas que eu gosto, que eu preciso pra ser feliz! Outra coisa não me fará feliz!”.
Bem, vamos analisar essa frase... Errado: a escolha ‘parece’ ser sua, mas ela já estava feita antes de você nascer! Errado: você não decidiu ser assim, pensar assim. Se você pensar, sentir e agir diferente será marginalizado como forma de punição. E, certo: você realmente precisa dessas coisas para ser feliz! Você foi condicionado a desejar essas coisas e a acreditar que só elas trarão felicidade.
Comece a agir diferente para fazer um teste. Mostre pensamentos diferentes, atitudes diferentes, aspirações diferentes... a primeira coisa que acontecerá é lhe perguntarem se você está bem. “Você parece estranho, hoje!”. “Fulano parece não estar bom da cabeça! Tem falado umas coisas estranhas!”. “Cuidado, você está com depressão!”.
Depois, se você não ‘se curar’, as pessoas começarão a se afastar de você. E se você insistir, virá a punição final: seu isolamento, sua solidão – o mais eficiente castigo social.

(continua)
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