quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

EXCERTO SOBRE OS EFEITOS DAS MENTIRAS

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- Mentiras
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Quando se inicia uma relação celebram-se, ainda que implicitamente, diversos compromissos. Um deles, dos mais importantes, é o de confiança mútua. É impossível relacionar-se amorosamente com alguém sem que se haja estabelecida essa premissa.
Confiança, no entanto, não é algo que se dá ou se compra. Conquista-se. E sua conquista é lenta e não linear. Leva tempo para que se consiga gozar das benesses de ser alguém plenamente confiável à outra pessoa. E nem sempre se consegue.
Palavras não garantem confiança. Esta se conquista com gestos. Mas não se pode criar esses gestos. Eles dependem de acontecimentos quotidianos. Somente quando algumas situações ocorrem é que se tem a oportunidade de mostrar ser confiável à outra pessoa. Em outras palavras, não adianta dizer: “sou confiável, pode acreditar!”. É preciso que alguma coisa aconteça para que se demonstre ser confiável.
Só que essas situações não ocorrem com freqüência nem se distribuem uniformemente no tempo – daí o processo não ser linear.
A primeira condição para se adquirir confiança é “fazer sua parte”. Simples assim! Basta cumprir com o que se comprometeu a fazer e esperar que a outra pessoa cientifique-se de sua infalibilidade.
Entretanto, costuma-se dizer que “é preciso uma vida inteira para se construir uma boa reputação, mas apenas alguns segundos para destruí-la”. Mais ainda: aduz Plutarco que “A reputação é como fogo: depois que apaga é difícil acendê-lo”.
Assim é nas relações amorosas. E não há como mudar isso: depois que se perde a confiança, dificilmente se a readquire.
São as mentiras as principais responsáveis pela quebra de confiança numa relação.
Funcionam como pequenas (ou grandes) bombas de efeito retardado que atentam diretamente contra a confiança conquistada, ainda que sólida. Seu efeito, além de retardado, é cumulativo.
Retardado porque, além do impacto inicial quando se constata uma mentira na relação, ela continua a causar danos por muito tempo. A pessoa prejudicada, fica, por semanas, meses, até anos, repassando mentalmente o fato. Isso causa desconforto e, por vezes, sofrimento.
O efeito também é cumulativo porque, à sensação negativa causada por uma mentira, somam-se outras, caso se identifiquem novas mentiras.
Mais ainda: além de se acumularem os efeitos, eles se amplificam quando acumulados. É como uma bola de neve que começa pequena e vai crescendo exponencialmente até agigantar-se perigosamente.
Mentiras causam desconfiança, dor e mágoas. Geram ressentimentos e desagregação. Podem suscitar, também, revide.
Por seus efeitos nefastos à pessoa prejudicada, as mentiras podem inverter a composição de poder na relação, invertendo o ‘jogo’.
O processo pode ocorrer segundo um ou mais caminhos. Geralmente desenvolve-se mágoa na pessoa prejudicada. Essa mágoa fará com que sua dependência emocional em relação à outra pessoa diminua. Com isso, diminui-se a ‘desvantagem’ no placar do ‘jogo’.
A inversão pode vir de duas maneiras: ou a mentira foi muito significativa, ou se acumularam uma série delas. Normalmente a segunda hipótese é mais efetiva no sentido de ‘inverter’ o placar.
Se comparássemos a relação a uma construção, qual seria a maneira mais efetiva de demoli-la? Se contratássemos um daqueles guindastes que sustentam uma enorme bola de aço e com ela golpeássemos uma edificação, seriam necessários poucos golpes e ela estaria em escombros.
Entretanto, restariam pequenas partes intactas. Locais que aquela enorme esfera não pôde alcançar.
Mas se contratássemos uma equipe de trabalhadores e estes se abatessem sobre a construção com golpes de marretas, vagarosamente a colocariam no chão. E não haveria um único ponto intacto. Nada sobraria.
É assim o efeito das mentiras sobre as relações: as grandes destroem rápido, mas deixam vestígios. As pequenas, acumuladas, destroem lentamente e não deixam nada intacto. Mas acredite: ambas destroem.

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Um comentário:

  1. Concordo plenamente com seu post, muito claro e totalmente coerente com relacao aos efeitos que a mentira pode causar.

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